sexta-feira, 28 de outubro de 2016



Jaime Cimenti
Notícia da edição impressa de 28/10/2016. 
Alterada em 27/10 às 16h51min

As nove vidas do menino estranho


A nona vida de Louis Drax (Record, 238 páginas, R$ 29,90, tradução de Maria Luiza Borges), romance de Liz Jensen, ex-jornalista e escultora inglesa, atualmente escritora em tempo integral e autora de oito romances, está sendo lançado no Brasil ao mesmo tempo em que sua adaptação para as telas de cinema em uma produção estrelada por Jaime Dornan (Cinquenta tons de cinza), Sarah Gadon e Aaron Paul (Breaking bad) chegou ao Festival de Cinema do Rio de Janeiro e aos cinemas dia 20 de outubro.

A densa e profunda narrativa apresenta Louis Drax, um menino nada comum, como ele mesmo conta já no início. Aos nove anos, já passou por oito situações de quase-morte. Teve paradas respiratórias, caiu nos trilhos do metrô e teve 85% do corpo queimado, além de ter se afogado, se intoxicado gravemente com alimentos e sofrido uma série de doenças.

Dono de uma inteligência incomum, uma esperteza incrível e uma imaginação mórbida, no aniversário de nove anos ele sai para comemorar com os pais num piquenique. Acaba caindo misteriosamente num penhasco. Em coma profundo, será ajudado por um médico especializado em pacientes comatosos, pois o pai simplesmente desapareceu, e a mãe está em estado de choque. O médico Pascal Dannachet, neurologista especializado, é sua única chance de recuperação.

O menino é um desafio para o médico, que se vê arrastado para o universo sombrio de Louis, envolto pelas intrigantes circunstâncias do acidente. Foi mesmo acidente? Quem teria sido o responsável? O pai, como relatou a mãe à polícia? Conseguirá Louis comunicar-se com o médico? O doutor ouve as histórias do menino, a relação com os pais e vai usar toda sua experiência de neurologista telepata para penetrar nos mistérios da mente do garoto.

Como se vê, a escritora, que já foi indicada três vezes para o prêmio Orange Prize e que integra a Royal Society of Literature e ministra aulas de escrita criativa, apresenta uma história com fortes ingredientes, trama poderosa e personagens com alto poder de sedução. Sem deixar de ser humano, o romance é sombrio, provocador e os emaranhados de sua narrativa arrebatam os leitores.

"Pergunte só à minha mãe como é ser mãe de um menino que sofre acidentes o tempo todo, e ela vai te contar. Não tem graça nenhuma. Ela não consegue dormir, imaginando onde isso vai parar. Vê perigo em toda parte e pensa "tenho que protegê-lo, tenho que protegê-lo, mas às vezes não dá", é um trecho do romance, uma fala do menino estranho, que, com menos de 10 anos, já sobreviveu nove vezes.
lançamentos

A colecionadora de corujinhas (Bestiário, 118 páginas), do consagrado escritor, poeta e médico José Eduardo Degrazia, com prefácio do jornalista e escritor Eduardo Jablonski e apresentação de Alcy Cheuiche, traz minicontos poéticos, com situações, personagens e cenários do cotidiano. Falar o que seja é inútil ou sobre desconsiderações (Circuito, 112 páginas), do professor, escritor e editor Carlos Alberto Gianotti, tem ensaios sobre diferentes vieses do vazio da vida contemporânea de indivíduos fartados, incapazes sequer de apreender sua fartação.

Paulo Freire e a pesquisa em educação (Sulina, 302 páginas, R$ 50,00) com organização da professora Bruna Sola da Silva Ramos, traz textos dela e de outros educadores sobre as contribuições de Paulo Freire para a pesquisa em educação.

Nenhum comentário: