sexta-feira, 14 de outubro de 2016



14 de outubro de 2016 | N° 18660
ARTIGOS

SEM PROFESSOR, EDUCAÇÃO NÃO MUDA


Gente aprende é com gente e para ensinar gente é preciso gente. Num mundo em que as máquinas vão realizar o trabalho de muitos, as chances de a computadorização tirar o emprego dos professores tendem a zero. Algo como 4 numa escala de 0 a 100, conforme um estudo de Oxford. 

A razão para isso é que a profissão exige uma heurística humana, quer dizer, a capacidade, que nos é típica, de solucionar problemas por meios aproximativos, avaliativos, intuitivos e calibrados por resultados empíricos e não por algoritmos exatos, o que está na base da dificuldade de realizar a tarefa por via inteiramente computacional.

O tipo de interação que é preciso haver entre pessoas para que a educação dê os seus melhores resultados demanda muito do professor. Ele facilita os meios de aprendizagem, serve de exemplo e acomoda os afetos que se desarranjam ou amadurecem no processo. Ele tem de ser, portanto, o centro gravitacional da educação e da escola. Não tem sido. 

E nenhuma mudança no ensino vai chegar aos alunos se não puder ser entregue por um professor. Por isso, nenhuma reforma dará conta da tarefa de melhorar a educação sem melhorar a formação e a carreira dos professores. A lição é velha, mas parece estar nos faltando professor para que a aprendamos de vez.

*Professor da Unisinos

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