sexta-feira, 6 de abril de 2012



Sérgio da Costa Franco e os fatos de Porto Alegre de 1732 a 1950

Acho que foi o Millôr Fernandes que escreveu: “história é algo que não aconteceu contado por alguém que não estava lá”. Hoje em dia antes de ler livros de História a gente precisa saber sobre o historiador, suas posições políticas e pessoais, partido etc. Muitas vezes os historiadores “revisionistas” têm interesses inconfessáveis.

Muitas vezes as pessoas preferem ler os romances ditos históricos, ou com fundo histórico, nos quais realidade e ficção se misturam ao bel-prazer do autor. Porto Alegre ano a ano: uma cronologia histórica - 1732/1950, do jornalista, escritor e membro do Ministério Público aposentado Sérgio da Costa Franco, demonstra, mais uma vez, o respeito que o autor tem pelas fontes primárias.

Em textos curtos, tipo drops, Costa Franco, para esta obra de referência, utiliza visão e linguagem jornalística sobre a evolução de nossa cidade.

Desde a chegada dos primeiros estancieiros em 1732 até meados do século XX, com a fundação da Ospa, a greve do serviço de bondes e o levantamento das “malocas”, Porto Alegre é retratada, para a alegria e o prazer dos leitores, sem rigores e preocupações de textos acadêmicos, por vezes tão pesados e chatos. A leveza e o movimento dos textos tornam a leitura ágil, divertida e os episódios da vida política, administrativa, econômica e cultural da cidade vão desfilando com o frescor do jornal do dia.

Numa das últimas páginas, por exemplo, o autor, em quatro linhas, fala da inauguração do Porto Alegre City Hotel, com térreo, sobreloja e 13 andares, um avanço na rede hoteleira da cidade e, também, da inauguração do Hospital Petrópolis, com sessenta leitos. Na página 207 o autor conta como foi resolvido o incidente entre a Cúria Metropolitana e a Irmandade do Divino. Na página 97, conta o autor sobre a inauguração do Gasômetro.

Como fazem os bons biógrafos, Sérgio coloca a Porto Alegre antiga de pé, para andar por aí e contar suas histórias. Enfim, se por um lado o autor, por sua vontade, diga-se, não fez concessões ao ficcional e ao lendário, por outro abre boas veredas para atuais e futuros historiadores e para todos que se interessam por essa guria de 240 anos, nosso berço, chão e céu.

O volume foi organizado por Mário Rozano, editado por Antônio Suliani, conta com prefácio da professora Núncia Santoro de Constantino e apresenta dezenas de fotos. Suliani, 292 páginas, www.letraevida.com.br.

Jaime Cimenti

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