sexta-feira, 6 de abril de 2012



Música e sobrevivência em intrincada e envolvente história

A escritora norte-americana Jennifer Egan nasceu em Chicago e se criou em San Francisco. Autora do best-seller The Keep, publicou trabalhos em revistas como New Yorker, Granta e Harper’s Magazine. Recebeu diversos prêmios por seus trabalhos de não ficção publicados no The New York Times Magazine. Atualmente ela vive no Brooklin e foi considerada uma das cem pessoas mais influentes de 2011 pela revista Time.

Seu romance A visita cruel do tempo, há pouco publicado no Brasil, venceu o Pulitzer de Ficção de 2011, o National Book Critics Circle Award e o prêmio Tournament of Books. Há quem intitule o livro de o novo clássico da literatura norte-americana.

Inovador, provocante, narra a saga de Bennie Salazar, executivo da indústria musical. Ex-integrante de uma banda de punk rock, ele foi o responsável pela descoberta e pelo sucesso dos Conduits, cujo guitarrista Bosco era um cara com tanta energia no palco que fazia Iggy Pop parecer tranquilo.

Jules Jones é um repórter de celebridades preso por atacar uma atriz durante uma entrevista e vê na última turnê de Bosco a oportunidade de reerguer a própria carreira. Jules é irmão de Stephanie, casada com Bennie, que teve como mentor Lou, um produtor musical viciado em cocaína. Sasha é a assistente cleptomaníaca de Bennie e seu passado desregrado e seu futuro estruturado parecem tão desconexos quanto as tramas dos muitos personagens que compõe esta intrincada e envolvente história.

Entre São Francisco dos anos 1970 à Nova Iorque de um futuro próximo, passando pelo submundo de Nápoles e até por um safári na África, Jennifer Egan tece uma narrativa caleidoscópica, variando tons e estilos, vozes e perspectivas. Ela conta como sonhos se constroem e se destroem ao longo da vida. Música, sobrevivência, inspirações e mudanças na vida estão na obra.

Na narrativa a música é metáfora e sujeito ao mesmo tempo. Divertido, triste, inteligente e mágico são alguns adjetivos que a imprensa internacional colocou na obra, que fala muito de decadência e resignação. Não há exagero. Na epígrafe está escrito: é essa a realidade, não é? Vinte anos depois, a sua beleza já foi para o lixo, especialmente quando arrancaram fora metade das suas entranhas.

O tempo é cruel, não é? Não é assim que se diz? Mais não é preciso dizer sobre o livro. Intrínseca, 336 páginas, tradução de Fernanda Abreu, www.intrinseca.com.br.

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