sábado, 4 de setembro de 2010



04 de setembro de 2010 | N° 16448
PAULO SANT’ANA


Massa, pizza e risoto

Pensara erradamente que a massa fosse o prato mais consumido e mais famoso da Itália.

Não era.

Fiquei sabendo em Turim, em 1990, quando lá me hospedei por 40 dias, durante a Copa do Mundo da Itália, que se rivalizam com a massa, em preferência dos italianos, a pizza e o risoto, acreditem.

Nos restaurantes de Turim, cataloguei 180 espécies de risoto. Mais que a massa, o arroz pode ser misturado a todos os tipos de alimentos vegetais e animais, era risoto de todos os tipos e para todos os gostos. E, como a região de Piemonte, onde está Turim, é a originária do risoto, então lá eles só comem risoto, noite e dia, muito mais que pizza e massa.

Aliás, o arroz pode ser misturado a tudo, repito, só nunca vi arroz misturado com massa. Massa com feijão, como quase todos os dias; arroz com feijão, como quase todos os dias.

Só nunca comi arroz misturado com massa.

Pois bem, interessante é que, quando se fala em pizza, logo se sabe que ela vem da Itália, dizem alguns audaciosos que não foi só a massa que Marco Polo, em suas viagens pelo Oriente, trouxe para a Itália. Trouxe também a pizza.

Nunca ouvi dizer que Marco Polo trouxe da China para a Itália o risoto, deve ter sido inventado pelos italianos mesmo.

O fato é que o risoto, a massa e a pizza são, parelhos em consumo, os três maiores pratos italianos.

Embora o alimento mais consumido no mundo seja o arroz, a massa, nos últimos anos, vem lhe seguindo as pegadas, devendo superar o arroz em volume de consumo.

Gosto de massa, tanto que é o único alimento que consigo comer no almoço e na janta do mesmo dia.

E gosto tanto de arroz, que o como uma vez por dia, na janta ou no almoço.

O mesmo não posso dizer da pizza, não é do meu gosto. Eu sou uma pessoa muito comodista e acho que não gosto de pizza porque tenho dificuldade para cortá-la em fatias.

É com certeza esse o motivo de minha ojeriza pela pizza, tanto que tanto a massa quanto o arroz não preciso cortá-los. Ou seja, não preciso de faca para comer massa e arroz. Já para a pizza, preciso dela.

Embora existam pessoas absurdas que cortam com a faca o espaguete e o talharim, o que é um sacrilégio: incrivelmente, massa cortada com faca perde o seu gosto original e se transforma num alimento vulgar.

Cerca de 90% dos restaurantes italianos não fornecem colher para os clientes comerem espaguete. Quando acontece esta estupidez comigo, a vontade que tenho é de retirar-me do estabelecimento sem comer.

Eu só como espaguete e até talharim com uma colher. Desenvolvi há decênios a técnica dos italianos de comer espaguete: vou enrolando o espaguete no garfo, de forma que a massa vai serpenteando em torno dos dentes do garfo, diminuindo a extensão dos seus fios.

Esqueci de dizer que esta operação é muito mais fácil quando se tem a colher, a que se encosta nos quatro dentes do garfo, manobra perfeita para a facilidade de comer o espaguete, mas incrivelmente fica a massa assim mais gostosa.

Já para o arroz, pode-se comê-lo de qualquer jeito, com garfo ou com colher.

Embora eu nunca tenha experimentado a delícia do arroz de leite comendo-o com garfo.

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