sexta-feira, 10 de setembro de 2010



10 de setembro de 2010 | N° 16454
PAULO SANT’ANA


O fadário de Dilma

Eu fico a cismar sobre as razões que levaram o presidente Lula a escolher como sua sucessora a doutora Dilma Rousseff.

O que teria levado Lula a nomear Dilma presidenta da República?

Estranho sistema eleitoral o nosso, em que um homem só escolhe a presidenta da República, mas se concede ao eleitorado gentilmente que compartilhe da escolha.

Condenava-se o regime militar porque meia dúzia de generais se reunia e escolhia quem ia ser o presidente da República.

E, agora, em pleno regime democrático, que só uma pessoa, Lula, escolheu Dilma como sucessora?

Quem é que ouviu falar na convenção do Partido dos Trabalhadores que escolheu Dilma para candidata?

Ou não houve essa convenção, ou ela foi tão simplesmente formal, que ninguém compareceu para legitimá-la.

Criou-se, assim, a convenção de um homem só.

A responsabilidade de Lula foi muito grande: quando escolheu Dilma, não estava escolhendo a candidata, estava escolhendo a futura presidenta da República.

Que será que Lula viu em Dilma, que não teve dúvida em apontá-la como sua sucessora?

Estou entre os que acham que Lula viu nela uma mulher competente e a única talvez capaz de deter os apetites ideológicos do seu partido. Como ele, Lula, os deteve com tanta paciência e perspicácia.

Os petistas relutaram em aceitar Dilma como candidata. Viam-na como uma neopetista, desgarrada da ideologia partidária.

Mas Lula afrontou-os, escolhendo uma ex-guerrilheira, quem mais seria a legítima representante do PT que não uma mulher que arriscara a sua vida em nome da causa socialista?

Só agora vejo por que este colunista, quando Dilma estava 16 pontos atrás de Serra, escreveu que ela seria a eleita.

Porque eu acho que a impressão que Lula causou no povo brasileiro é tão forte, tão intensa, tão impactante, que ele é capaz não só de escolher a sua sucessora, como vai escolher ainda algum dia o sucessor de Dilma.

Lula virou um pau para toda obra dos interesses e ideais petistas e da ânsia por um líder que grassa no seio do povo brasileiro.

Como brasileiro, evidentemente que torço por Dilma, quero que ela faça um governo perfeito, se possível melhor que o do próprio Lula.

Tudo o que anseio é que uma mulher se torne a maior presidente da República de todos os tempos, superior a Getúlio, acima do próprio Lula.

Se o destino nos deu Dilma, faça o destino que ela seja o instrumento de realização social e econômica dos brasileiros.

Esta coluna eu tinha de escrever dois dias depois da próxima eleição de 3 de outubro.

Mas, como as pesquisas anunciam com meses de antecedência quem vencerá a eleição, escrevo esta coluna de confiança em Dilma hoje mesmo.

Não se deve deixar para amanhã o que se pode fazer hoje.

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