Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
23 de setembro de 2010 | N° 16467
CLAUDIA TAJES
Cofrinhos ao léu
A moda da cintura baixa para mulheres e homens trouxe à tona, literalmente, uma particularidade corporal até então mantida sob o esconderijo das calças: a divisão que separa as nádegas em dois hemisférios distintos, o de cá e o de lá, e que, em linguagem médica, é chamada de sulco interglúteo.
Sulco interglúteo. Não há texto que resista à feiúra de uma expressão assim. Em uma breve pesquisa, não encontrei nenhuma forma inspiradora para denominar a parte em questão, sendo o termo mais usado o que é de conhecimento geral, rego, no sentido de canal e vala, entre outros significados que deixam tudo pior a cada letra.
Consultei um especialista (no vernáculo), o professor Cláudio Moreno, Doutor em Língua Portuguesa, que citou também regada, regueira e prega glútea.
Deve ser pela falta de uma palavra ao mesmo tempo educada e popular para designar a região que, hoje, ela é chamada de cofrinho. Por que cofrinho? A intuição do professor Moreno diz que é pela semelhança com a fenda do clássico cofre de porquinho. O caso é que a moda da cintura baixa deixou a população com o cofrinho de fora. Jovens e maduros, todos agora revelam o próprio cofrinho ao mundo não por exibicionismo, mas por falta de tecido.
O cofrinho não escolhe onde vai aparecer, podendo ser visto em ambientes mais formais ou nos cafés da cidade, em chás e jantares, nos encontros de amigos. Este cofrinho social, digamos, atualmente é tão exposto quanto o cofrinho prestador de serviço, aquele dos profissionais do encanamento, da eletricidade, da jardinagem e da construção, tradicionalmente à mostra durante as jornadas de seus donos.
Para evitar constrangimentos, a estilista americana Kimberly Brewer criou uma espécie de escudo para o local. Feito de material antialérgico e decorado com bijuterias e cristais, o escudo protetor tem um adesivo no verso para grudar no cofrinho e escondê-lo da curiosidade alheia. Embora este pareça um típico caso de emenda pior que o soneto.
Já que a moda da cintura alta não vingou por aqui, até porque a calça santropeito é danada mesmo, seguiremos observando os cofrinhos ao nosso redor, alguns deles cofrões, outros verdadeiras caixas fortes. Alguns pilosos, outros com dermatite. Alguns bem rústicos, outros mais delicados. É magnético: o cofrinho do vizinho sempre atrai o olhar.
Nada que uma boa puxada na camiseta não consiga evitar.
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