terça-feira, 21 de setembro de 2010



21 de setembro de 2010 | N° 16465
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA


O custo da felicidade

A felicidade já é cotada nas bolsas de valores? Sou inclinado a supor que não. Mas uma reportagem de Giuliano Guandalini, publicada na Veja, informa que uma pesquisa do Gallup, feita com base na análise de 400 mil pessoas, dá uma pista a respeito. Segundo esse levantamento, o preço de uma vida feliz gira ao redor de 75 mil dólares por ano e por família de classe média, o bastante para ter uma casa confortável, um carro novo e a educação dos filhos.

Me permito pôr aqui minha colher torta no assunto, para concluir que 75 mil dólares são insuficientes para uma inscrição naquele fechado clube que Stendhal chamava de “the happy few.”

Pois mister é que, além das notas verdes, hoje tão anêmicas mesmo ante um euro debilitado, você seja agraciado com uma boa dose de serenidade. É preciso que seja abençoado com uma razoável porção de paz, bem posicionada entre você e sua circunstância.

Eu não desaconselharia uma qualidade especial e única: o amor por você mesmo.

Não deixaria de lado o apreço por seus amigos, aqueles com que você precisa contar sempre, nas horas sombrias, mas, muito especialmente, nos momentos alegres.

Não esqueceria de recomendar que você vivesse em estado de paixão, por suas amadas passadas e presentes e, particularmente, por aquelas cujo coração você quiser conquistar.

Não desdenharia uma sadia tendência por sua profissão ou seu ofício, pois somos o que nos dá prazer de fazer.

Amaria meus filhos e meus netos com essa devoção de que só a partilha é capaz.

Acalentaria meus sonhos, mesmo os mais impossíveis, com essa confiança que só a fé e a imaginação nos dão.

Colecionaria as partituras de todos os grandes músicos, as frases de todos os melhores escritores, as telas de todos os grandes pintores.

Viveria em uma morada que fosse o retrato perfeito de todos os meus devaneios, de todos os meus anseios – e ainda refletisse minha inteira fisionomia.

E a cada dia e a cada instante agradeceria a mim mesmo pelo simples ato de estar vivo.

Aproveite o Dia da Árvore. Uma linda terça-feira.

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