Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
28 de setembro de 2010 | N° 16472
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
A vida e a História
Não é muito comum que pessoas que já nos deixaram – algumas delas merecendo cadeira cativa nos manuais de História – voltem a visitar-nos vivas e presentes nas páginas de uma novela. Foi o que me aconteceu ao percorrer as páginas de A Noite de Netuno e da Virgem, do arquiteto e urbanista Osni Schroeder. É um livro que somente agora, três anos depois do lançamento, recebo, por uma gentileza de meu irmão Eduardo.
Toda a trama se passa em Cachoeira, numa noite de inverno. Nathalio, boêmio por gosto e inclinação, é o personagem principal, mas não absolutamente o único. Num estilo direto e saboroso, o autor nos apresenta uma variadíssima coleção de criaturas, algumas saídas de sua imaginação, como Vilma, a que sente muito frio, mas não sai da janela de sua casa, com vista privilegiada para a Praça Balthazar de Bem e as vidas alheias; outras, retiradas do fundo dos decênios e dos séculos.
Mas as grandes personas desse cenário, todas iluminadas pela narrativa envolvente de Schroeder, são a esplanada moldada pela Catedral e a Virgem que está em seu topo, o Château d’Eau, um caprichoso conjunto de fontes, palmeiras e pontes, o prédio antigo da Prefeitura, visitado pelo Imperador Pedro II.
A Catedral é toda uma bela escultura coroada por duas torres e mais um exercício de estilos que remontam ao ano de 1799. O Château d’Eau, que tem no topo o deus Netuno apontando seu tridente para o infinito, é o símbolo da cidade, em particular pelas ninfas, que derramam a água de seus cântaros sobre um lago povoado de peixes vermelhos. E a Prefeitura, que tem estampada na fachada o ano de 1864, é um exemplo magnífico da arquitetura colonial brasileira.
Esse foi o palco escolhido por Osni Schroeder para exercer seu realismo fantástico. Não pretendo fazer desfilar nestas poucas linhas toda a riqueza dos personagens que povoam sua ficção.
Direi apenas que há uma cena, para mim inapagável, em que João Neves da Fontoura saúda em um discurso meu pai, Liberato Salzano Vieira da Cunha. Restam lugares para criaturas sobrenaturais, como Santa Josefa, a velha estação de trens, ou um carro antigo, que acelera do avesso do tempo.
E mais não conto para não roubar o prazer da leitura de quantos só agora, como eu, estão folheando as páginas de um livro singular.
Uma linda terça-feira. Aproveite o dia.
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