sexta-feira, 17 de setembro de 2010


Jaime Cimenti

Tive um sonho com o Rio Grande

Sonhei que no Rio Grande do Sul a gente conversava mais, se unia mais e procurava lavar a roupa suja, sem alarde, antes de cruzar o Mampituba. Sonhei que nossas diferenças, preferências, opiniões conflitantes e nossos vários tipos de sangue eram nossas maiores riquezas e não nossos problemas e entraves. Não cheguei a sonhar com um Estado Grenal, unido, que aí já seria sonho surrealista para mais de légua, coisa de Quixote sulino, que deixo para daqui a séculos.

Menos, né, tchê! Sonhei que cidadãos, administradores, políticos, empresários, alunos, professores, trabalhadores, artistas e todos mais procuravam dialogar e conversar para se fortalecer e tornar ainda maior o Rio Grande.

Nada contra os hermanos e os irmãos brasileiros de Santa Catarina para cima, mas tudo a favor de brigar menos, viver mais em paz e conseguir mais e melhor para nós e para a terra farroupilha. Somos brasileiros diferentes, fincamos as fronteiras à pata de cavalo e à ponta da lança. Somos brasileiros por que queremos ser.

Cantamos nosso hino com honra e alegria e sabemos de nosso valor, de nossas misses, de nosso futebol e de nossos campos, planaltos, serras e guaiacas.

Mas nessa hora farroupilha tive esse sonho de descortinar o Rio Grande como terra de europeus, índios e negros que podem conversar mais e melhor, em volta de churrasco de ovelha, tainha, rês, porco, salsichão, salmão, salada de maionese, polenta, galeto e tudo mais.

Churrasco quem sabe na beira do Guaíba, depois de tudo finalmente acertado para a revitalização do cais e otras cositas mas. Líderes e liderados rio-grandenses deveriam pensar que todos ganhariam com mais diálogo e entendimento, sem precisar, tantas vezes, de ideias, soluções, ordens, capitais e outras coisas que vêm de outras bandas. Não sou separatista de modo algum, fique claro.

Sei que falo de sonho, que nossa história e nossa natureza são fortes, mas, como disse o Lennon, na famosa canção, não sou o único sonhador e, como disse o Julio Verne, o que um homem sonha, outro homem pode realizar.

Tomara que o sonho seja sem limites como o pampa (que es el cielo al rebés), alto como as colinas da serra e cristalino como o mar de Torres. Um sonho grande do Sul, que nunca fomos de pretender pouco.

Uma gostosa sexta-feira e um ótimo fim de semana

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