quinta-feira, 30 de setembro de 2010



30 de setembro de 2010 | N° 16474
PAULO SANT’ANA


Os sonhos

Tenho sonhado insistente e variadamente nas últimas noites.

O que me impressiona é que, mal acordo, sinto que sonhei bastante, mas não me lembro de nenhum dos meus inúmeros sonhos.

Como não lembro deles, não sei se são bons ou maus os meus sonhos.

Entre eles, devem existir alguns pesadelos, mas tenho certeza de que nenhum deles se equipara ao pesadelo de minha vida real.

Afinal que significarão os sonhos? Será que Freud explicou isso no seu famoso livro dos sonhos?

Serão os sonhos manifestações do nosso inconsciente? De uma coisa tenho certeza, pela experiência do tempo em que recordava a íntegra dos meus sonhos: eles se referem muito mais a meu passado do que propriamente sejam previsões do futuro.

Por isso é que sempre desconfiei que meus sonhos tivessem a ver com vidas passadas, outras encarnações por que eu tenha atravessado.

Tem gente que sonha com números e ganha na loteria por isso.

Quero dizer que sei como isso se processa: 8 milhões de pessoas sonham com números e jogam na loteria.

Evidentemente que um deles ganhará na loteria e o que se pensou era uma premonição não passou de um cálculo aritmético, mediante o qual fica afirmado que, quando milhões jogam na loteria, é evidente que um só deles acertará no palpite que levou ao prêmio.

Mas eu tenho uma certeza maior a respeito de sonhos, adquirida ainda no tempo em que me lembrava deles no dia seguinte: os sonhos são muito ligados ao medo.

Por mais de uma centena de vezes notei que meus maiores medos não se concretizavam na vida real, mas ocorriam sempre nos sonhos.

Por sinal, o medo preside a vida humana. Dizem até que os medos são necessários para que o homem se conduza bem na vida.

Assim, quem tem medo de perder o emprego caprichará muito mais na sua profissão e estará garantido contra o desemprego.

Um sonho muito comum é aquele de quem está amando: fatalmente sonhará com a perda do ser amado.

E como dói no sonho ver-se traído pela mulher amada! Então, a gente acorda e pergunta para a mulher amada, que está ao lado na cama: “Está tudo bem?”. E ela: “Sim, tudo bem. Mas por quê?”. E você conclui: “O.k. Por nada”.

A única grande e impressionante coincidência que houve comigo em sonhos faz mais de 40 anos.

Eu era inspetor de polícia em Arroio dos Ratos e sonhei que era varredor de ruas. Varredor, com vassoura.

Acordei e fui trabalhar. A primeira ocorrência policial que fui atender era um acidente de trânsito na BR-290.

Cheguei lá e havia diversos mortos e ainda tive de sacrificar a tiro um cavalo que se envolvera no acidente, estava sendo transportado por um caminhão.

Fiz o levantamento do local, logo em seguida tive de varrer o chão da rodovia, que ficara inteiramente sujo pelas mercadorias de um outro caminhão.

Eu varrendo chão da via pública?

Pois não era exatamente o que eu tinha sonhado na noite anterior?

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