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quinta-feira, 30 de setembro de 2010
30 de setembro de 2010 | N° 16474
LETICIA WIERZCHOWSKI
Um livro, um homem, um lugar
Memórias de Adriano, da belga Marguerite Yourcenar, é um dos livros que marcou a minha vida. Com pasmo e encantamento voltei por suas páginas, prendendo a respiração ante a magnificência do mundo dos Césares, a fúria do Império Romano e os amores e angústias que rondaram a alma do Imperador Adriano.
Tanto esse livro me marcou – não somente por sua bela narrativa, detalhada e imaginativa, amparada em intermináveis estudos e fontes – que muitas vezes eu andei, também imaginativamente, pelos largos caminhos adornados de estátuas da vila que Adriano construiu para sua residência em 125 d.C., nos arredores da cidade de Tíbur, hoje conhecida como Tivoli.
Estive na Itália na semana passada, e com que euforia tomei o trem até Tivoli e me vi às portas da antiguíssima Vila Adriana. Senti-me voltando no tempo – isso até pisar na pequena praça em frente à Vila, onde bancas vendem bebidas geladas, um hotelzinho anuncia seu Café Vila Adriana e ambulantes oferecem as eternas bugigangas que os incautos levam para casa à guisa de suvenir.
No meio da pequena praça, uma placa anunciava: Largo Marguerite Yourcenar, e senti vergonha pela escritora em cujas anotações pós-epílogo da edição que guardo em casa dizia “oliveiras foram cortadas para dar lugar a um indiscreto estacionamento e a um quiosque-bar, gênero parque de exposições, que transformam a solidão do Pécile numa paisagem de praça mediocremente ajardinada”. Pobre Marguerite, pensei – mas as homenagens quase sempre são constrangedoras.
Enfim, lá dentro, a despeito de tudo, a Vila Adriana ainda é um lugar encantado. Longe o suficiente das hordas de turistas que abarrotam as ruas de Roma, a propriedade parece estar às margens do tempo.
Andar entre as ruínas daquilo que foi uma das mais magníficas obras do gênio humano, onde o destino do mundo romano foi discutido e acertado e onde Adriano chorou seu amor pelo jovem Antínoo, é um exercício de humildade e de contemplação. Cada pedra daquelas, quantas vidas já testemunhou?
Entre o mítico Adriano e eu, quantos romanos, quantos bárbaros, quantos nobres, vagabundos, poetas, pastores, soldados, loucos de amor e suicidas passaram por entre os belíssimos caminhos do Canopo?
Saqueada ao longo dos séculos, a Vila Adriana foi bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial, mas suas ruínas seguem ostentando a grandiosidade que Marguerite Yourcenar logrou recriar no seu belíssimo romance. O mesmo tempo que levou o Imperador romano e a escritora francesa há de seguir passando de roldão por sobre todos nós. As ruínas da Vila Adriana, no entanto, ele parece palmilhar com carinho
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