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quinta-feira, 9 de setembro de 2010
09 de setembro de 2010 | N° 16453
PAULO SANT’ANA
Salvou o amigo
Aconteceu, juro-lhes, anteontem no Acampamento Farroupilha.
O filho de um amigo meu, de apenas 13 anos, estava conosco no piquete do comissário Renatão, enquanto comíamos um costelão fidalgamente oferecido pelo titular do galpão.
E o menino destoava de nós, que estávamos alegres. Eu perguntei a ele: “Jonas, por que estás triste?”. Ele me respondeu:
– Briguei com minha namorada.
– Em definitivo?
– Eu não quero mais ela.
– Por que foi, Jonas?
– Ela me traiu com meu melhor amigo.
Ele é um garoto de apenas 13 anos, embora pareça que tem 18 anos: pela desenvoltura.
Foi traído pela namorada com seu melhor amigo. Cedo na existência esse garoto provou o sal amargo da traição.
Insisti sobre o caso, que me interessou a ponto de eu estar fazendo esta coluna, pontuando como assunto central a traição que esse menino sofreu nos albores de sua existência.
Perguntei a ele se tinha sido pensada, refletida a sua decisão de romper com a traidora em definitivo.
Ele me disse que examinou detidamente a conduta da menina, principalmente porque ela tinha prevaricado com aquele que é seu melhor amigo.
Escutem o que me disse o garoto, com impressionante lucidez, falando pausadamente e doloridamente: “Sant’Ana, fui traído por ela e pelo meu melhor amigo.
Pesei bem a situação e cheguei à conclusão de que meu amigo me faria mais falta que ela. Decidi, então, romper para sempre com ela e continuar a amizade com meu melhor amigo”.
Fiquei tomado de compaixão por esse menino. Ele calculou que sua atitude óbvia seria a de romper com a namorada e com o melhor amigo.
De supetão, ele teria duas grandes perdas. Colocou na balança amargurada de seu cálculo que uma perda só ele poderia suportar. Duas, jamais. E decidiu por não perdoar a namorada e perdoar o amigo, estranha valoração de um menino desesperado a quem a seta da traição já atingira em tão tenra idade.
A primeira vez que traí, eu tinha 24 anos. A primeira vez que fui traído, eu tinha 30 anos.
Mas esse menino começou cedo a carreira de traído.
Era de ver o amargor desse menino traído, estampado nos seus olhos.
Que choque deve ter sido para ele a traição. As crianças são felizes porque desconhecem a maldade das outras pessoas.
E, quando uma criança assim depara com a primeira punhalada nas suas costas, desferida em consórcio pela namorada amada e pelo melhor amigo, entra em desvario.
Talvez até seja bom para esse menino que cedo na vida ele tenha a consciência de que o mundo é repleto dessas maldades.
Talvez seja favorável a ele que cedo tenha sido atraiçoado, das próximas vezes ele terá o conforto da experiência para evitar outra tragédia.
Não consigo esquecer o olhar de depressão melancólica desse menino traído!
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