quinta-feira, 10 de junho de 2010


KENNETH MAXWELL

A Copa do Mundo

A partir de amanhã, boa parte do mundo estará vendo futebol na África do Sul.

Uma em cada duas pessoas deve acompanhar a Copa do Mundo pela televisão, e YouTube e Coca-Cola assinaram um acordo pelo qual usuários de todo o mundo podem postar vídeos sobre suas reações.

Nike e McDonald's consideram que a Copa do Mundo seja um negócio mais importante que a Olimpíada de Pequim.

O futebol surgiu no Reino Unido na década de 1860 e se espalhou primeiro pelo império britânico e depois pelo francês, na África e na Ásia.

No Brasil, já havia clubes de futebol na virada para o século 20. Desde a metade dos anos 90, porém, o futebol se tornou o verdadeiro esporte internacional e internacionalizado.

Em 1995, a Corte Europeia de Justiça sustentou o direito à liberdade de movimento de jogadores em um processo aberto pelo meio-campista belga Jean-Marc Bosman.

Depois disso, tornou-se difícil manter cotas para limitar a presença de jogadores estrangeiros em times da Europa, e as restrições começaram a ser contornadas também pela concessão de dupla cidadania.

Em 1996, a Fifa abandonou as regras que limitavam o número de estrangeiros autorizados a jogar nos times europeus. Isso, por sua vez, propiciou vastos lucros ao esporte com a venda de direitos de televisão e resultou em elevação substancial nos salários dos jogadores.

O Professional Football Player's Observatory (http://eurofootplayers.org) acompanha a mobilidade e os salários dos jogadores expatriados. O Brasil, com 163 jogadores em equipes europeias, é o maior exportador mundial de jogadores, seguido pela Argentina, com 103.

Algumas pessoas, como o técnico José Mourinho, acreditam que isso torne a Copa do Mundo uma competição inferior à disputa entre as principais equipes europeias.

Na preparação para a Copa do Mundo, porém, a Fifa classifica o Brasil como número um em seu ranking. O técnico Dunga está otimista quanto às chances do Brasil.

O único país -excetuados, ironicamente, Cuba e Venezuela- no qual o beisebol continua a ser o esporte favorito e que não se interessa de verdade pela disputa na África do Sul continua a ser os EUA.

Jack Kemp, um político republicano já morto, que no passado havia sido jogador profissional de beisebol, resumiu sua hostilidade ao futebol descrevendo-o como "um esporte socialista europeu".

No entanto, hoje a população latina dos EUA supera os 40 milhões de pessoas. Pode-se ter certeza de que, a partir de amanhã, todos eles estarão grudados à cobertura da Copa do Mundo pela rede de TV hispânica Univision.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

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