Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 1 de junho de 2010
01 de junho de 2010 | N° 16353
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
O Código da Vida
Na outra semana, todos nós recebemos a notícia de que somos imortais. Na síntese da revista inglesa The Economist, o homem criou a vida. Trata-se de um leve exagero. O que aconteceu de verdade é que uma equipe de cientistas americanos, comandada pelo doutor Craig Venter, conseguiu desenhar, sintetizar, montar o genoma de uma bactéria e inserir esse material em uma bactéria diferente.
Não houve a criação sintética de um organismo vivo completo, mas de seu núcleo genético. Ainda assim o grupo obteve uma imitação da vida inteiramente construída em laboratório.
Tem um drama taoísta do século 14, segundo o qual a vida é uma centelha que brota, uma chama que vacila entre dois oceanos de trevas. E já que estamos no território da poesia, não custa lembrar que, para o Talmude, a vida do homem é como a sombra de um pássaro que nos sobrevoa. Mais direto foi Homero, ao escrever que curta é a vida humana.
A proeza do doutor Venter é de gestar um espaço para alongar a vida. De acordo com o cientista, segundo leio na Veja, em breve sua experiência terá uso prático nas áreas farmacêutica e energética, multiplicando a eficiência dos atuais processos de engenharia genética.
Isso na prática quer dizer que viveremos mais e não será absurdo que inventemos rapidamente vacinas para as gripes que importamos dos confins do mundo, ou superação para males tipo dengue, febre amarela ou malária. Já nem falo em remédios para transtornos mais sérios, como aids, hepatite C ou infarto.
Ao invés dessas doenças a que, em muitos casos, só a morte pode dar fim, conviveremos por mais tempo com essa coisa terna e fácil de se perturbar – que é como Montaigne descrevia nossa opaca trajetória sobre a Terra.
Mas já houve citações demais para esta crônica e ficou uma pergunta irrespondida. O que faria eu com os anos a mais que ganhasse com a descoberta do doutor Venter?
Bom, primeiro gostaria de fruir, sem ânsia nem pressa, todos os capítulos que minha biografia íntima ainda me reserva. Depois, tornar a singrar em calma os rios que naveguei, muitas ocasiões sem vela nem leme.
Uma noite em Nova York, um bar de hotel, e ao meu lado a mulher mais bela dos Estados Unidos da América.
Outra noite em Berlim e uma taça lançada contra a parede, repartida em um milhão de momentos de plenitude.
A primeira vez que vi Paris, a cúpula do Sacré-Coeur se desenhando na janela do trem entre as gotas da primeira chuva de outono.
Uma linda terça-feira para você. Aproveite o dia
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