domingo, 28 de fevereiro de 2010


ELIANE CANTANHÊDE

Ou vai ou racha

BRASÍLIA - O Datafolha de hoje confirma a previsão do Planalto e não deixa alternativa para os tucanos: agora, ou vai ou racha.

Significa que o tempo de hibernação de José Serra se esgotou e que ele tem de se lançar já à Presidência, antes que seja tarde. Como significa que a eleição atingiu o ponto ideal para a definição de Aécio Neves: sempre se soube, mas nunca tinha ficado tão evidente o quanto sua candidatura a vice é fundamental para a oposição.

Quanto mais Dilma é identificada como candidata de Lula, mais ela cresce, e estava escrito nas estrelas do PT que aquele aguaceiro em São Paulo, os dissabores de Gilberto Kassab na prefeitura e a debacle do DEM no DF iriam afetar Serra.

Ainda não tecnicamente, mas na prática a pesquisa registra um empate, com duas más notícias para Serra: Dilma Rousseff sobe consistentemente, e ele, que se mantinha sólida e estavelmente no topo, passou a cair. O cruzamento desses dois movimentos é fatal para o tucano, a não ser que seja contido. Como? Só ele, seus aliados e estrategistas podem saber, mas Aécio já era importante e passou a ser vital.

Em todos cenários -com ou sem Ciro, no primeiro ou segundo turno-, Dilma ganhou pontos, Serra perdeu. E em igual proporção, como os 5 a mais de uma e os 5 a menos do outro com Ciro na disputa.

O dado mais poderoso, porém, é a perda de três pontos de Serra no Sudeste, que tem 42% do eleitorado. Para subir a rampa, Serra tem não só de ganhar bem nessa região como compensar aí o que certamente Lula dará a mais para Dilma no Norte e no Nordeste. Com Aécio é possível. Sem ele...

No discurso serrista, tudo isso é porque "a campanha nem começou". Só que, quando começar, Dilma vai continuar como hoje, com muito mais tempo de exposição positiva na TV, sem contestação.

Voltando à vaca fria, a oposição ou vai de Serra e Aécio ou racha. Na política, rachar é sinônimo de perder.

elianec@uol.com.br

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