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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
11 de fevereiro de 2010 | N° 16243
PAULO SANT’ANA
Samba do crioulo doido
Nesta hipótese que já está praticamente certa de tanto José Fogaça quanto Tarso Genro apoiarem Dilma Rousseff para presidente da República, é de ver-se como irão ficar os debates na televisão entre os dois candidatos.
Não se surpreendam que ambos apareçam na televisão com camisetas ostentando as figuras de Dilma Rousseff.
Ficará praticamente inexistente qualquer oposição entre Fogaça e Tarso, eles irão parecer na televisão como aliados.
“Que diabo de eleição é esta em que dois candidatos estão do mesmo lado?”, perguntará o eleitor estarrecido.
Se fossem dois candidatos nanicos, não haveria importância. Mas dois candidatos com sérias pretensões à eleição apoiando o mesmo candidato à presidência da República soa como samba do crioulo doido.
Como Fogaça e Tarso lideram as pesquisas, este embaraço que eles terão só poderá favorecer a terceira candidata, Yeda Crusius; a eleição poderá se polarizar do seguinte modo: Fogaça e Tarso abraçados contra Yeda.
Por outro assunto, estou impressionado com o número de afogados no Estado durante os meses de janeiro e fevereiro: 67 pessoas morreram no mar, nos rios, na lagoas, lutando contra as águas.
É demais. Fosse um acidente aqui e outro ali, mas cerca de duas pessoas morrendo afogadas por dia é demasiado.
Deste jeito, nos próximos verões, vão exigir carteira de habilitação em natação para os banhistas ou então boias salva-vidas como equipamento obrigatório.
Não dá para entender como estes 67 afogados, somados aos milhares que são salvos por salva-vidas, se atrevem a ter de recorrer a uma condição que não têm: a de saber nadar e desafiam mesmo assim a fundura das águas.
Parece que são atraídos para o fundo do mar e para o talvegue dos rios por uma força estranha.
Evidentemente que o calor escaldante que está fazendo contribui decisivamente para esse número exagerado de mortes e salvamentos.
Mas fica também evidente que esta ânsia mórbida de ter o corpo coberto inteiramente pela água no mergulho é de uma imprevidência total.
Como se já não fosse, para quem não sabe nadar, querer ter a água acima do umbigo.
Não sei por que me intriga esta volúpia dos afogados pelas águas fundas sem o mínimo preparo para enfrentá-las.
Outra estatística que me deixou abismado: só nas estradas federais, são flagrados, por dia, 200 motoristas sem habilitação. Por ano, nas estradas federais, são apanhados 73 mil motoristas sem habilitação, segundo a Polícia Rodoviária Federal.
Mas se 73 mil são apanhados por ano sem carteira, é sinal de que trafega pelas estradas um número talvez 50 vezes maior que este, contando-se os que não são flagrados na infração.
Como pode uma pessoa dirigir em estrada sem carteira de habilitação? E se nas estradas se verifica este número assustador, imaginem o que acontece nas cidades, deve ser algo ainda mais impressionante.
Muitos desses condutores dirigem sem carteira em face do preço extorsivo e inconcebível das carteiras de motoristas.
E no caso dos motociclistas a situação é ainda mais dramática: o sujeito tem dinheiro para pagar a prestação de uma moto, mas não possui a quantia muito mais vultosa para pagar uma carteira de condutor de moto.
E eu que achava que toda a pessoa que via dirigindo veículo na rua fosse habilitada!
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