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sábado, 6 de fevereiro de 2010
06 de fevereiro de 2010 | N° 16238
NILSON SOUZA
Agentes duplos
Dia desses vesti uma fantasia de Papai Noel para fazer uma reportagem e me senti o pior dos farsantes. Cheguei mesmo a relutar antes de aceitar a missão. Argumentei para a editora que não gostaria de enganar as crianças, fazendo-me passar por um Papai Noel de verdade. Ela derrubou o meu argumento com uma pergunta marota, mas irrefutável:
– E existe Papai Noel verdadeiro?
Ainda assim, foi com um certo constrangimento que vivi por alguns minutos o papel de outro personagem que não eu próprio. Não tenho a mínima vocação para ator. Se tivesse que representar, seria um deplorável canastrão. Por isso, acompanhei com espanto a série que Zero Hora publicou nesta semana sobre espiões infiltrados nos movimentos sociais e políticos organizados.
Como pode alguém enganar tanta gente por tanto tempo? Descontadas as bravatas tardias, pois é evidente que algumas pessoas contam vantagem para parecer mais espertas do que realmente são, os agentes duplos impressionam tanto pelo que fizeram no passado quanto pelas revelações atuais.
Vá entender o ser humano! Até o famoso Garganta Profunda do caso Watergate, que resultou na renúncia do presidente norte-americano Richard Nixon, resolveu soltar a língua depois de permanecer mais de 30 anos no anonimato. Dizem que ele levou uma grana da revista Vanity Fair, mas não duvido que tenha sucumbido à própria vaidade mesmo.
É o que parecem estar fazendo esses personagens que agora saem das sombras e contam com orgulho suas aventuras de espionagem. Confesso que me chocam um pouco. Pode ser até que tenham feito bem o seu trabalho, mas eu não compraria um carro usado de nenhum deles. O mínimo que se pode pensar de um agente duplo é que ele é 50% mentiroso.
Até gosto de gente que representa bem, mas só quando sei que se trata de uma representação. Detesto pegadinhas e coisas do gênero por isso. Não acho a menor graça quando me sinto enganado.
Mas aplaudo atores talentosos, capazes de dar tanta autenticidade aos seus personagens que eles mesmos se esquecem da identidade original.
Outro dia ouvi uma divertida entrevista do cantor e comediante Moacyr Franco na qual ele falou com saudade sobre um ex-companheiro de palco falecido, o humorista Ronald Golias. “Deus mandou o personagem e esqueceu de mandar o homem”, disse Moacyr.
Golias tinha mesmo uma cara preparada para despertar risos e sorrisos. Não precisava nem representar. Jamais poderia ser um agente duplo, pois era extremamente verdadeiro na sua farsa.
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