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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
19 de fevereiro de 2010 | N° 16251
PAULO SANT’ANA
Fato rigorosamente igual
Cada caso é um caso. Esta sentença é muito usada em medicina, mas serve para qualquer situação da vida.
Serve, por exemplo, para o caso do ex-marido, em Tenente Portela, que anteontem sequestrou sua mulher na casa dela, ameaçava matá-la e suicidar-se, a polícia foi chamada, contemporizou com o tomador da refém durante 11 horas, ao cabo de que o homem matou a mulher a tiros e suicidou-se.
Tudo igualzinho ao cárcere privado acontecido no fim de semana passado em Canoas, menos o desfecho: o homem invadiu a casa da ex-mulher, capturou-a, submeteu-a a cárcere privado, veio a polícia e cercou a residência, iniciando-se as negociações.
Como é que deu certo o caso de Canoas e redundou em tragédia o caso de Tenente Portela?
É muita simplificação declarar-se que os policiais militares de Canoas foram eficientes e os de Tenente Portela não souberam conduzir o caso para evitar a tragédia.
Cada caso é um caso. Ainda anteontem esta coluna advertia para o fato de que os psiquiatras criminais afirmam que os tomadores passionais de reféns se tornam imprevisíveis. Eles ficam tomados por uma alucinação, por uma vertigem de destruição do ser amado, tornando estas operações de resgate imponderáveis.
Os casos se sucedem com as mesmas características: diante do irremediável, a mulher não quer mais viver com o ex-marido, eles partem para a violência, tentando inicialmente uma reconciliação, mas logo em seguida revelando forte inclinação para matar a ex-mulher e suicidar-se.
Por aqui, em Canoas, cumpriu-se o elogio das forças policiais, que lideradas por oficiais negociadores, conseguiram, depois de 70 horas, que o autor do cárcere privado se entregasse e entregasse a refém sã e salva.
Já em Tenente Portela, o sequestro durou menos de 70 horas, somente 11 horas, mas certamente a polícia desenvolveu esforços para que o captor se entregasse, com a vida da refém preservada.
Se houve maior habilidade na negociação em Canoas do que em Tenente Portela, isto fica no terreno das hipóteses.
O fato é que, dependendo muitas vezes da sorte, estes homens tresloucados se constituem em séria ameaça e não raro se instala, nas mesmíssimas condições de ex-marido abandonado e ex-mulher irredutível, esta ocorrência policial delicadíssima.
O que não resta dúvida é a intenção dos ex-maridos de matarem as ex-mulheres e depois suicidarem-se. Eles firmam pé nessa intenção, resta à polícia, quando ainda chega a tempo, tentar dissuadi-los dessa intenção, tentar enganá-los, tentar pelo cansaço vencê-los no propósito.
São tragédias corriqueiras, e o homem é sempre acusado: nunca se viu que uma ex-mulher tenha tomado o ex-marido como refém e ameaçado matá-lo e suicidar-se.
Que ímpeto plenipotenciário e megalomaníaco leva os indivíduos masculinos à repetição exaustiva desses casos?
E sempre a rondar as tragédias, aconteceu em Canoas e ocorreu em Tenente Portela, os filhos menores a comporem o cenário de drama e aflição.
Parece que há um gene masculino mais frágil ao abandono e ao desprezo.
Mas esses fatos vão continuar pontuando a crônica policial, espantosamente iguais em seus pormenores.
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