Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
25 de fevereiro de 2010 | N° 16257
RICARDO SILVESTRIN
Longevidade
O que você pretende fazer dos sessenta aos 84, quase 85? Carlos Drummond de Andrade escreveu e publicou alguns dos seus melhores livros. Por exemplo, Boitempo, poemas memorialistas editados quando ele tinha 66.
O poeta passa a limpo sua vida, sua infância em Minas, o difícil aprendizado do amor e do sexo num mundo marcado pela culpa, pelo pecado. Versos surpreendentes e irônicos como este: “O sentido das coisas mora longe.”. Publica ainda mais dois volumes do Boitempo anos depois.
Mas a vida dele se prolonga. Drummond volta então a olhar para o presente. Como escreveu aos 38: “O presente é tão grande/ não nos afastemos” . Em 1973, com setenta e um anos, lança o genial As Impurezas do Branco. Só o título já vale o livro. Não contente, a obra é recheada de textos com apurado senso de invenção formal.
Aos 68, A Paixão Medida. O poema que dá nome ao livro fala desse discurso amoroso criado pela poesia ao longo dos séculos, a partir da métrica e dos elementos da arte poética.
Tudo isso com muito humor: “Teus iambos aos meus com força entrelacei./ Em dia alcmânico, o instinto ropálico rompeu,/ leonino, a porta pentâmetra”. Iambos, alcmânico, ropálico, leonino, pentâmetra são termos da versificação clássica que ganham sentidos eróticos no poema.
Aos 82 anos, Corpo: “Este pintor/ sabe o corpo feminino e seus possíveis(...)/ do signos e das curvas que dão vontade de morrer/ de santo orgasmo e de beleza”. Entre outras criações, deixa um livro de poemas eróticos que só saiu após sua morte:
O Amor Natural. O erotismo na história da poesia não é coisa recente. Em torno do início da era Cristã, os poetas latinos tratavam do corpo com a maior naturalidade.
Drummond, um homem que sempre buscou a liberdade criativa e de pensamento, chega ao final da vida resgatando seu corpo. Esse texto-corpo cheio de palavras proibidas. Vi uma reportagem sobre saúde pública que apontava o crescimento do número de casos de aids depois dos 60 anos.
Com a popularização de remédios que ativam a sexualidade, há uma nova faixa etária em plena atividade. E é difícil para essas pessoas passarem a ter o hábito de usar camisinha. É urgente que as campanhas de prevenção atinjam também esse público.
Nei Lisboa cantava: “Oh, mana/ eu quero morrer/ bem velhinho/ assim, sozinho/ ali, bebendo um vinho/ e olhando a bunda de alguém”. Agora, a medicina parece estar prevendo um futuro ainda mais divertido do que pensava o Nei para a sua velhice.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário