quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010


CLÓVIS ROSSI

Subintelectualidades

SÃO PAULO - Comentários que a candidata Dilma Rousseff compartilhou com Marco Aurélio Garcia, coordenador de seu programa de governo, bem que poderiam servir de epígrafe para o congresso com que o PT comemora 30 anos.

Primeiro comentário: o suposto ou real "retraimento do pensamento crítico". Se há alguma instituição no Brasil que abandonou o pensamento crítico esta é, sem lugar a dúvidas, o PT desde que chegou ao governo.

Antes, criticava tudo e todos, até o que estava correto (vide Plano Real). Agora, o PT é apenas a Tribo dos Adoradores de Lula, em que qualquer mínima dose de crítica, mesmo as mais de acordo com os fatos, são sufocadas.

Segundo comentário: a suposta ou real ascensão de uma "subintelectualidade de direita". Subintelectualidades, de direita ou de esquerda, existiram sempre, no mundo todo. No Brasil, até desconfio que os subintelectuais sejam mais numerosos e estridentes do que os verdadeiramente intelectuais.

Mas, se há de fato uma subintelectualidade em ascensão, ela é hoje a da esquerda, incapaz de sair com uma ideia, uma só que seja, dos escombros do Muro de Berlim. Que já caiu faz 20 anos, é sempre bom lembrar. Ou, posto de outra forma, o PT teve dois terços do seu tempo de vida, desde a queda do Muro, para produzir alguma ideia. Produziu?

Não, segundo um de seus supostos ou reais ideólogos, Tarso Genro, para quem o partido caiu no "vazio" com a crise do mensalão.

Tão vazio que seu até agora presidente, Ricardo Berzoini, e seu sucessor, José Eduardo Dutra, tiveram a bárbara coragem de, em artigo para esta Folha, "celebrar" um "partido democrático, popular e socialista".

Democrático e popular ainda dá para passar, com qualificações que o espaço impede de explicitar. Mas socialista só pode ser exercício de "subintelectualidade". Ou fraude conceitual.

crossi@uol.com.br

Um lindo dia para você. Aproveite o dia

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