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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
17 de fevereiro de 2010 | N° 16249
PAULO SANT’ANA
Unidos da Tijuca
Estava eu assistindo ontem à empolgante apuração do grupo principal do Carnaval porto-alegrense, quando liderou quase até o fim a Restinga, quase empatada com a Vila do IAPI, a campeã Imperatriz Dona Leopoldina curtindo um terceirinho à espera de que o sol despontasse, e fiquei imaginando as emoções que cercarão hoje à tarde a apuração do Carnaval carioca.
Que emocionante título da Imperatriz Dona Leopoldina aqui em Porto Alegre! Quando todas as vozes davam a Restinga como provável vencedora, a escola da Zona Norte foi somando devagar os seus pontinhos e acabou vencendo o Carnaval com diferença de dois décimos.
Deve estar alegre o Vinicius Brito, nosso colunista de Carnaval aqui em Zero Hora, filho do Cláudio Brito. O Vinicius é um dos compositores do samba-enredo da Imperatriz Dona Leopoldina, escola que lutou com grandes dificuldades para chegar a esta inédita vitória contra as grandes e tradicionais escolas do Carnaval porto-alegrense: teve sua quadra inteiramente destruída por temporal no passado, mesmo assim reergueu-se e foi para a glória.
Será emocionante a apuração do Carnaval carioca hoje à tarde? De minha parte, como todo mundo, sou torcedor da Unidos da Tijuca, muito pelo desempenho da sua prodigiosa comissão de frente, mas acontece que toda a escola foi marcada pelo luxo e pela criatividade.
Salgueiro, Vila Isabel e a sempre Mangueira podem vir a surpreender, mas seria uma injustiça a Unidos da Tijuca não vir a ser campeã.
Estonteante a comissão de frente da Tijuca. Por mais que tentem me explicar como puderam fazer as seis bailarinas, em dois, no máximo três segundos, trocar de roupas por cinco vezes, não entendo como conseguiram executar o truque na avenida, muito mais difícil do que num palco!
A gente se beliscava vendo aquilo, as cores dos vestidos serem mudadas diante dos nossos olhos, numa mágica estupenda.
E no momento em que, não mais com a passagem do manto envolvente nem a retirada dos corpos das dançarinas de dentro dos sacos, mas sob o espargimento de confetes, elas ressurgem automaticamente com outros vestidos, de outra cor, o público foi ao delírio, muito maior do que aquela vez em que um astronauta voou na Sapucaí.
Os realizadores desse fantástico ilusionismo candidatam-se desde já para serem os realizadores do espetáculo inaugural da Olimpíada de 2016, no Maracanã. Se eles repetirem o que fizeram na Sapucaí, o Brasil encantará o mundo.
Só por aquilo, qualquer seja a campeã hoje declarada do Carnaval carioca, deixará triste todos os novos amantes da Unidos da Tijuca, nós que ficamos estupefatos com sua comissão de frente, mas que também reconhecemos que a escola esteve bem em todos os outros itens, sempre superior a seus concorrentes, se ela não chegar ao título.
Sem nunca ter sido torcedor da Tijuca, eu, como todos os brasileiros que a vimos na Sapucaí, estou à espera de bradar um grito de vitória hoje à tarde e elevar uma taça de champanha à criatividade, ao engenho, à arte, à ousadia da inesquecível e lendária comissão de frente da Unidos da Tijuca no Carnaval de 2010.
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