sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010



05 de fevereiro de 2010 | N° 16237
PAULO SANT’ANA


Por que fumo

Estive interpretando o meu hábito de fumar. Por que fumo? Psicologicamente porque não tenho paciência para esperar.

Como fico impaciente em todos os momentos de ócio, recorro ao cigarro para amenizar a impaciência.

Li certa vez um artigo de um psiquiatra em que ele afirmou que o fumante recorre ao cigarro sempre que se defronta com um obstáculo. É mais ou menos isso.

O fumante se torna, assim, uma presa indefesa das suas grandes ou pequenas aflições e recorre à fuga do tabagismo como única resposta para a sua atribulação.

Mas como é que o fumante, nas ocasiões alegres e prazerosas, ainda assim recorre ao cigarro? Talvez porque, entregue ao deleite, quer naquele momento afastar de si qualquer lembrança que haja em seu espírito das dificuldades por que passa, tornando mais intenso e fixo o prazer.

O cigarro não passa de uma tolice e de uma fraqueza. Tanto que milhões de fumantes deixam de fumar e se sentem iguais ou melhores do que no tempo em que fumavam.

Basicamente, o vício de fumar é o preenchimento gestual de uma divagação, de uma reflexão.

Fora de dúvida que, embora não solucionem seus problemas ao acender um cigarro, os fumantes, no entanto, atravessam melhor a imposição dos passatempos quando fumam. Ao fumante, a vida parece ser mais tolerável e melhor de ser enfrentada com o cigarro.

E, para o viciado em tabaco, a vida se torna insuportável sem o cigarro.

Quanto ao gosto por fumar, o sabor de fumar, não tenho muito que declarar. Não sinto gosto ao fumar, não sinto delícia pelo sabor do fumo quando o ingiro em meu corpo.

Essa afirmação, no entanto, se contradiz ante o fato de que só fumo uma marca de cigarro, nenhuma outra me atrai e até não consigo fumar cigarros de outras marcas, o que parece querer dizer que aprecio, sim, o gosto de fumo. E o único gosto que me serve – ou o melhor gosto que me serve – é o da marca do cigarro que fumo.

Há fumantes que adoram puxar profundamente a fumaça, quando da tragada, até os pulmões.

Não é o meu caso, não trago profundamente a fumaça do cigarro, faço-o apenas superficialmente, pressinto que o fumo pouco passa da laringe e se vai aos pulmões é em pequena quantidade.

É uma tolice fumar. Mas o homem vive imerso em tolices.

Só que eu podia ter arranjado uma tolice menos prejudicial e mais higiênica para mim.

O presidente chinês Hu Jintao está declarando que já havia pedido a Barack Obama que não recebesse nos EUA o líder espiritual do Tibete, o Dalai Lama.

O porta-voz da Casa Branca, Bill Burton, declarou que Barack Obama avisou Pequim no ano passado de que se encontraria com o Dalai Lama.

Está feito o impasse, porque a China não quer o encontro, alegando que quaisquer contatos entre países diversos com o Dalai Lama significam prestígio à causa separatista do Tibete.

É uma visível e indevida intervenção da China na liberdade diplomática e política norte-americana.

Mas ameaça um estrondo entre as duas potências.

A China insiste em manter o Tibete afivelado política e institucionalmente a seu território.

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