Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
07 de fevereiro de 2010 | N° 16239
MOACYR SCLIAR
Perder o amigo ou perder a piada?
O programa A Tarde é Sua, apresentado por Sonia Abrão na Rede TV!, ficou conhecido pelas histórias trágicas que mostra.
O que inspirou o humorista Mauricio Meirelles a fazer uma série de comentários divulgados através do Twitter. Exemplos: “Sonia Abrão usa carro a álcool só pra ter o prazer de ver o carro morrer”. “Sonia Abrão não gosta de Yakult porque tem lactobacilos vivos”.
Numa entrevista à Folha de S. Paulo, a apresentadora disse que achou graça dos comentários, mas será que, no fundo, não ficou ressentida com essas tiradas, mesmo que engraçadas, ou exatamente porque engraçadas? As espirituosas frases de Mauricio Meirelles, convenhamos, enquadram-se naquele tipo de humor produzido sob o lema “perco o amigo, mas não perco a piada”.
Que está longe de ser uma coisa nova. Humor agressivo, humor que não perdoa, é algo muito antigo. Para ficarmos só com um exemplo gaúcho, vamos lembrar o porto-alegrense Álvaro Moreyra, grande cronista, renovador do teatro brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras. Numa de suas curtas crônicas, conta que foi abordado na rua por um desconhecido, obviamente ansioso por se aproximar do famoso escritor, e que o saudou com familiaridade: “Então, Álvaro, o que há de novo?”.
“A nossa amizade”, foi a azeda, mas inspirada, resposta. Nesse caso, aliás, a amizade nem chegou a nascer; foi abortada pelo implacável humor de Álvaro.
Perder o amigo ou perder a piada? Este é um dilema que tem duas dimensões: aquela da relação pessoal propriamente dita, e, no caso de escritores, cronistas, humoristas, a dimensão literária.
Que contem um elemento de compulsão não pequeno, representado pela inspiração que gera a agressiva tirada: essa inspiração que faz as pessoas dizerem, ou escreverem, coisas desagradavelmente engraçadas. Isso explica porque muitos escritores são, ou parecem, pessoas de mau caráter.
Numa entrevista, o americano William Faulkner, Prêmio Nobel de Literatura, disse que, se para ter inspiração fosse obrigado a matar a própria mãe, ele o faria sem hesitar: “Um bom texto vale qualquer número de velhinhas sacrificadas”.
Provavelmente àquela altura, a mãe de Faulkner jazia no túmulo há muito tempo; mas, se estivesse viva, ousaria o escritor dizer essa frase, arcando com as consequências, ou confiando na inesgotável capacidade que têm as mães de perdoarem filhos, mesmo os mais agressivos? Questão complicada.
Particularmente, prefiro perder a piada, ou o texto, a perder um amigo. Talvez minha formação de médico tenha algo a ver com isso, mas a vida me ensinou que bons amigos são mais raros, e mais importantes, do que boas piadas, ou bons textos.
Além disso, nada impede que se faça uma piada, ou um texto, que sejam bons, sem recorrer à agressão. Não quer dizer que de vez em quando não me ocorra uma tirada irônica.
Mas, nesses casos, faço como J.D.Salinger, o escritor recentemente falecido, que, nos últimos anos de sua vida, escrevia só para si próprio, como ele dizia. Há piadas, ou textos, para os quais a audiência de uma única pessoa é mais que suficiente.
Gustavo Trevisi do Nascimento, que é jornalista e deficiente físico, escreve sobre um problema que, por razões óbvias, sente com mais intensidade: a conservação das calçadas de Porto Alegre: “Tropeço e caio quase todo dia”. O RBS Notícias fez matéria sobre o assunto, e o Gustavo espera que isso seja o início de uma campanha para resolver a difícil situação.
Agradeço as mensagens de Erika Hanssen Madaleno (falando sobre mulheres mais velhas que têm casos com jovens, ela conta a história de uma dessas ligações: de manhã, o rapaz acordou e perguntou:
“Tia, tem Toddy?” Pra morrer), Sidclei N. Fontes, Sergio Chaves, Cesar R. da Silva, Octavio Augusto, dos médicos Roni Quevedo e Policarpo B. Lopez.
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