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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
24 de fevereiro de 2010 | N° 16256
PAULO SANT’ANA
Prosseguem os bolões?
E agora como é que fica? Foi tão grande a repercussão do caso da Mega Sena de Novo Hamburgo que é de se indagar se prosseguem os bolões.
Quando seria tão simples resolver o caso. Bastava que a cada recibo de aposta em bolão fosse juntada uma fotocópia do comprovante da aposta oficial.
Ou seja, o jogo teria de ser feito antes da venda das cautelas dos bolões. Os adquirentes teriam a certeza, pelo comprovante da aposta feita, que estavam concorrendo de verdade.
Assim como está ninguém tem certeza de nada. E se o agente lotérico for desonesto e resolver bancar o jogo, sem recolher a aposta para os cofres da Caixa? Basta contar com a sorte o desonesto, ele tem quase certeza que ninguém acertará.
E se por acaso o apostador acertar uma quadra, o agente lotérico manda pagar o valor irrisório, mesmo sem ter feito o jogo, para manter o cliente e não dar encrenca com a Caixa.
Mas entre as razões levantadas pelo agente lotérico de Novo Hamburgo há uma de dar risadas: “Pode ter sido um erro da tipografia”.
Que é que tem a ver um provável erro tipográfico com o que aconteceu? Nada.
O fato é que a aposta não foi feita. E nada justifica que a aposta não tenha sido feita. Quando vende o bolão, o agente lotérico tem a obrigação moral e profissional de fazer o jogo.
E não foi feito o jogo. Justo agora que se especule abundantemente sobre desonestidade.
Ontem tive cuidado de ressaltar que muitos agentes lotéricos procedem corretamente com seus bolões.
Um deles me mandou ontem a seguinte mensagem: “Senhor Paulo Sant’Ana. Na qualidade de seu assíduo ouvinte e leitor, e como empresário lotérico, proprietário da Agência Fortuna, no centro de Porto Alegre, casa com 81 anos de atividades ininterruptas, venho tecer alguns comentários sobre a questão bolões em casas lotéricas.
1. É histórica a relação de confiança entre apostadores e lotéricas. Lembro, inclusive, que o senhor possuía assinatura de bilhete da Loteria Federal conosco à época de sua vereança em nosso município.
2. Pela nossa longa existência, muitos clientes/amigos mantêm suas assinatura de bilhetes e participam de nossos bolões (grupos que são formados para prêmios atrativos). Conforme orientação jurídica, temos um contrato de adesão para cada quota/participante e os jogos à disposição por até 90 dias após o sorteio.
Isso tudo passa por muita conferência: são 81 anos a zelar. Assumimos o risco de encalhes e pagamos impostos sobre eventual lucro: tudo para segurança nossa e de nossos clientes.
3. A rede de casas lotéricas presta grande serviço à coletividade seja no recebimento de contas, no pagamento de benefícios do governo federal ou até fomentando os sonhos das pessoas de melhorarem de vida.
Lutamos a duras penas para mantermos nossos negócios, muitas vezes com risco da própria vida ao assumirmos responsabilidade sobre dinheiro que não é nosso e que diariamente precisamos prestar contas. Vivemos de credibilidade.
4. Não é justo que por um problema que foge do normal do dia a dia de milhares de empresários, todos possamos vir a perder esse item importante de arrecadação. É um item que alavanca as vendas da loterias oficiais e cuja falta trará problemas de equilíbrio para muitos.
5. Entendo que a CAIXA nada tenha a ver com isso (ela é responsável pelo processamento dos jogos passados no seu equipamento), afinal é um contrato de confiança entre uma empresa lotérica e seus clientes, no nosso caso firmado com um contrato de adesão (referido anteriormente).
Coloco-me à sua disposição para quaisquer questionamentos que o senhor julgar oportuno e despeço-me com um fraternal abraço.
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