sábado, 6 de fevereiro de 2010



06 de fevereiro de 2010 | N° 16238
PAULO SANT’ANA


Solução que está na cara

Às vezes, sou obrigado a sacrificar o gosto dos leitores por melhores assuntos, com a finalidade de solucionar problemas angustiantes da comunidade. Tudo pela repercussão do que sai nesta coluna.

Vejam que o Diário Gaúcho constatou que em 16 anos a malha hospitalar do SUS Porto Alegre viu desaparecerem 3,2 mil leitos.

Sumiram, foram retirados de serviço.

Então, por que não se aceita essa disposição do Hospital de Clínicas para assumir o Hospital Independência? Por quê?

Isso tem de ser feito já, aqui e agora.

O que falta para ser feito? Leiam o que está escrito na mensagem do presidente do Hospital de Clínicas, abaixo, e vejam que só falta vontade política.

“Caro Sant’Ana: em teu comentário no Gaúcha Hoje da última quarta-feira, trouxeste à tona o tema da falta de leitos em hospitais públicos de Porto Alegre. Verdade insofismável, com reflexo evidente nas emergências. De fato, ao longo dos anos houve diminuição no número de leitos disponibilizados ao SUS no RS. Na contramão do desejável, o atendimento primário nos postos de saúde não evoluiu em eficácia e tampouco na integração do sistema. Ao mesmo tempo, cresceu o impacto das enfermidades crônicas.

Em dezembro de 2009, a direção, engenheiros, administrativos e enfermeiras do Hospital de Clínicas de Porto Alegre visitaram oficialmente o Hospital Independência. Um hospital vazio impacta forte na gente.

Estive presente e, se interessar, posso te enviar uma cópia do arquivo de imagens realizadas. Verás que, com um planejamento eficiente, logo o hospital poderá estar operacional. Garanto-te que o Independência, que já ajudou a muitos doentes, está pronto para ser uma ativa unidade hospitalar pertencente ao Hospital de Clínicas.

Nossa proposta é colocar a serviço da comunidade tudo aquilo que o HCPA possui de mais valioso, uma reconhecida capacidade gerencial, um padrão assistencial de excelência e, sobretudo, o capital intelectual e a experiência dos professores da UFRGS. Aspectos logísticos favoráveis alinharão setores do HCPA que não serão replicados no Independência. O eixo viário (Avenida Ipiranga) entre os hospitais é de apenas 4,5 quilômetros.

Queremos que a população não apenas tenha acesso a mais leitos, mas que neles encontre um atendimento qualificado, resolutivo e humanizado. Onde se trabalhe com indicadores, resultados, e não com conversa fiada.

Em Brasília, já apresentamos o projeto e temos apoio de diversas autoridades. No Ministério da Educação, valorizam-se os leitos do Independência não apenas por sua função assistencial, mas também por exercerem importante papel de formação de recursos humanos para o SUS. Estaremos, como sempre, treinando médicos, enfermeiras, administradores hospitalares e muitos outros profissionais.

Há quem diga que hospitais como o Clínicas e o GHC são caros demais, e que por isso não deveriam expandir-se. Acreditamos, ao contrário, que estes estabelecimentos são de suma importância para assegurar aquilo que, de fato, é o mais CARO às pessoas: sua saúde e qualidade de vida. O Clínicas e o Conceição vão além do conceito tradicional de hospital. Basta que examinemos seus balanços sociais. Afinal, o que é ser caro em se tratando de saúde?

Esperamos, tão cedo quanto possível, que a população possa receber boas novas em relação aos novos leitos com o padrão HCPA. Que melhor aplicação do dinheiro público em saúde poderia haver?

Quita-se parte da imensa dívida da Ulbra com o governo federal e este repassa o Hospital Independência ao Hospital de Clínicas, uma empresa pública que orgulha nosso país.

O HCPA é um hospital de alta confiabilidade em saúde, construído e mantido por inspiração e transpiração dos gaúchos. É tempo para que se expanda. Com um cordial abraço, (as.) professor Amarilio Vieira de Macedo Neto, presidente do Hospital de Clínicas”.

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