sábado, 20 de fevereiro de 2010



20 de fevereiro de 2010 | N° 16252
ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES


Catutinho, o louco-soldado

RECITADO:

Nos meus tempos de guri,

Neste Alegrete querido,

Quantos loucos conheci!

Alguns já terão morrido.

Para que céu terão ido

O Ordálio, a Mãe-da-Canha,

E a Benvinda, pobrezinha?

Porém eu sempre me lembro

A cada Sete de Setembro,

Do mulato Catutinha,

Borracho, meio fardado,

Tocando um violão rachado,

Cantando a mesma marchinha:

“Nós somos da Pátria a guarda,

Fiéis soldados por ela amados...”

Soldados sem regimento,

Praça velho, Catutinha,

Tua Pátria não te amou

Com toda a farda que tinha.

Deus te dê um céu verde-oliva,

pobre criança sozinha!

CANTO:

Coitado do Catutinha,

Com sua farda rasgada,

Violão com corda de arame,

Marchando pela calçada.

Coitado do Catutinha,

Que enlouqueceu a cantar

Para o riso dos paisanos,

Seu sonho de militar.

REFRÃO:

“Nós somos da Pátria a guarda,

Fiéis soldados por ela amados...”

O sonho de mil crianças,

De loucos e de soldados.

Quando o trator veio em cima

O Catutinha a sonhar,

Pensou que fosse uma “carga”

Que ele devia enfrentar.

Dentro da alma, um clarim.

Dentro da noite, um clarão.

Com as Três Marias nos ombros

Ele morreu - capitão.

REFRÃO:

“Nós somos da Pátria a guarda,

Fiéis soldados por ela amados...”

O sonho de mil crianças,

De loucos e de soldados.

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