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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
16 de fevereiro de 2010 | N° 16248
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
A vida era uma festa
Tem gente que quer ir a Paris, suavemente envolta em neve. Tem gente que sonha com a Grande Barreira de Corais e seu eterno verão. Tem gente que aspira por New York, New York, onde se encontram todos os climas do mundo. Já eu gostaria de retornar ao ano de 1962.
Eu teria então 16 anos e um hábito: abrigar felicidade no coração.
Por então aconteciam episódios adversos em minha vida. Em pleno centro de Porto Alegre, sem motivo ou razão, uma tarde sim e outra não faltava água em meu apartamento – que ficava a duas quadras do Palácio do Governo.
Por um desses mistérios da natureza, surgiu uma discromia em minha testa, que afastava as garotas e confundia os médicos. E como se isso não bastasse, uma comportada miopia, que vinha das épocas do curso primário, principiou a evoluir como se eu fosse condenado à cegueira.
Sabem de uma coisa? Nada disso me abalou. Uma estação elevadora instalada na Rua Fernando Machado devolveu à Rua João Manoel 24 horas de água por dia.
A discromia da testa, que os doutores soturnamente chamavam de vitiligo, de início tratada com a prestimosa ajuda de remédios americanos, sumiu mais tarde, espontânea e repentinamente. E a miopia cedeu com o tempo, graças a uma segunda cirurgia que ouso classificar de milagrosa.
Mas se nada disso houvesse sucedido, ainda assim eu gostaria de voltar ao ano de 1962.
Vejo ainda agora na TV que bairros inteiros estão submersos – e ainda assim sem água e luz. Acompanho nos noticiários que doenças sem nome atacam adultos e crianças. E acabou de aparecer na tela a face angustiada de um menino que perdeu provisoriamente a visão.
É isso que há de importante em 1962.
Em 1962 todos os caminhos estavam abertos diante de ti.
Tu poderias ser mago, filósofo ou marinheiro.
Bastava escolher.
Em 1962 todas as profissões estavam à tua espera
Tu poderias ser médico, engenheiro ou adivinho.
Em 1962 todas as mulheres te esperavam. Tu poderias escolher a loira, a morena, ou a desconhecida.
Pois eras jovem e a vida era uma festa.
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