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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
22 de fevereiro de 2010 | N° 16254
PAULO SANT’ANA
Carne de gato
Em terremotos e outras situações extremas, admite-se que as pessoas comam ratos. Há até, como naquela célebre queda de avião nos Andes, notícias de pessoas que, arriscando morrer de fome, devoram carne humana.
Da minha parte, nunca fui dado a comer alimentos exóticos. Já me serviram escargô em culinária sofisticada, mas não pude engolir um grama da comida. Acho que meu preconceito era menos com o alimento do que com o nome popular que eu conhecia: lesma.
“Deus me livre de comer lesma”, pensei.
O máximo que me permiti foi certa vez comer rã assada ali no Recreio Avenida, um dos grandes restaurantes da Cidade, na antiga Avenida Eduardo, hoje Presidente Roosevelt, nos anos 50 e 60.
E olhem que gostei muito da carne de rã, que me pareceu mais saborosa que a de galinha.
Mas agora um apresentador de televisão escandalizou a Itália, país em que a cozinha costuma consumir com insistência coelhos, lebres, codornas, bois e cordeiros.
O apresentador Beppe Bigazzi, em seu programa de culinária na televisão, aconselhou os italianos a comer carne de gato, que ele já teria experimentado várias vezes.
As entidades de defesa dos animais reagiram violentamente: “Bigazzi é um cretino, na latitude em que vivemos, simplesmente não comemos os nossos melhores amigos.
Ué, como é que na França os cavalos são vendidos nos açougues!
A arte popular de versos brasileira se ocupa em várias obras do sacrifício de gatos para alimentação e outros fins.
Há um samba do saudoso Jorge Veiga que diz assim:
Me convidaram pra fazer um samba
Lá no Morro da Arrelia
Me apresentaram pra o dono da casa
Era um tal de Malaquia
Ele me disse em sua homenagem
Eu já mandei preparar o prato
Eu fiquei indignado
Quando me disseram que comi carne de gato.
Malandro não dá mancada
Vou pôr minhas mãos à obra
Vou convidá-lo para uma peixada
Vai ser carne de cobra.
Mas a utilidade mais proverbial do gato na poesia popular brasileira não é como alimento:
Aquele gato
Que não me deixava dormir
Aquele gato
Agora nos faz sorrir
Às vezes saía bem da minha pedrada
Pulava e dava risada
Vivia zombando de mim
Aquele gato não é mais gato
Hoje é tamborim.
Você, meu leitor ou leitora, seria capaz de comer carne de gato? Pois é, mas o Anonymus Gourmet da Itália está aconselhando seus telespectadores a comer carne de gato.
E dá os detalhes: o cadáver do gato tem de ficar três dias de molho em água corrente da torneira: até a carne ficar bem branquinha e virar numa iguaria, afirma ele.
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