quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010



11 de fevereiro de 2010 | N° 16243
RICARDO SILVESTRIN


Ler ou não ler: eis a questão

Está aí a máquina de vender livros. Não estou falando dessas inovações da informática, como Kindle e similares. Trata-se de uma adaptação das máquinas de refrigerantes e salgadinhos feita pelo ex-médico paranaense Fábio Netto. O sistema já virou franquia.

Os livros vendidos nas suas máquinas custam, a maioria, até cinco reais. São de temas variados, incluindo clássicos da literatura brasileira e universal, entre romances, contos e poesia, além de administração, autoajuda e tudo o que o mercado editorial oferece.

Já estão em vários pontos de metrô no Rio e em São Paulo. As máquinas existem desde 2003 e já ultrapassaram um milhão de exemplares vendidos. A equação se baseia em colocar o produto próximo das pessoas, livros atraentes e preço bem acessível.

Baseada nesses mesmos princípios, a L&PM redimensionou o tamanho da empresa já há algum tempo, vendendo por todo o país sua coleção de pockets.

Com um conjunto de títulos de grande qualidade, a sacada foi criar expositores de venda que sejam facilmente colocados em rodoviárias, supermercados, farmácias e onde mais for viável. Há um número grande de cidades do Brasil onde não há livraria alguma, mas os livros da editora estão à venda.

Outro negócio nacional que movimenta grandes números é a Estante Virtual. Os criadores tiveram a ideia de reunir num único site de vendas o acervo do maior número possível de sebos. Os livreiros se cadastram e expõem seus volumes.

A venda é feita pela internet. Quem está atrás de livros raros acha pérolas nesse site. Também encontra os mais comuns, mas que saem com um preço legal por serem usados. É tecnologia virtual para vender o velho e bom objeto de papel.

E mesmo toda esta expectativa para saber até onde vai a aceitação dos aparelhos portáteis, baixando livros como se baixam músicas, revela que a leitura desperta tanto interesse que a indústria digital está se ocupando das possibilidades de negócios ligados ao ato de ler.

O sucesso de iniciativas como essas mostram que há sim um grande número de pessoas que leem e que podem ler muito mais. Quantos livros o prezado leitor poderia comprar, mas que nem sabe que foram lançados?

Ninguém ofereceu nem usou seus dados de compras em alguma livraria para dizer “olhe, chegou esse título aqui, é parecido com aquele outro que você tinha comprado há dois meses”.

Sempre que me perguntam se livro vende, eu respondo com uma pergunta. Coca-cola vende? Não. Alguém vende Coca-cola. Vender é um trabalho. Precisa de uma estratégia que integre produto, preço, ponto de venda e promoção. Nenhum produto se vende sozinho.

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