Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
24 de agosto de 2009
N° 16072 - L. F. VERISSIMO
Truque conhecido
em apuros. A direita lunática americana o bombardeia. Já o chamaram de um nazista pior do que Hitler, pois está levando o país para o comunismo. Há um movimento, os “birthers” – de “birth”, nascimento – alegando que Obama nasceu no Quênia, que o registro do seu nascimento no Havaí é falso, que, portanto, ele não nasceu em território americano e não pode ser presidente.
E, inevitável: surgem histórias sobre a sua suposta bisexualidade.
A reação a um novo presidente, negro, eleito para mudar, com uma plataforma progressista e cuja vitória deixou o partido adversário destroçado, era previsível. Com os republicanos sem força e sem líderes, os lunáticos assumiram.
Hoje se diz que o líder de fato da oposição é Rush Limbaugh, cujo programa de rádio em cadeia tem um público estimado de 15 milhões de pessoas, todos, supõe-se, reacionários furiosos como ele. Foi Limbaugh que lançou o epíteto de Hitler bolchevique.
Se a reação a Obama era esperada, mesmo que ele não cumprisse metade do que prometia como candidato e seu programa progressista não fosse tão progressista assim – como não está sendo –, a virulência inédita da oposição e os apuros do Baraca têm uma causa específica.
Ele propôs uma reforma do sistema de seguro de saúde do país, no que seria sua primeira grande legislação social – e a coisa mais “progressista” do seu governo até agora. Pra quê.
Os Estados Unidos são o único dos países industrializados que não tem um sistema universal de assistência médica garantida. Bill Clinton tentou corrigir isso, mas não aguentou a reação dos mesmos lóbis que agora alimentam a rejeição a Obama e atiçam os lunáticos, chamando a reforma de um primeiro passo para o socialismo.
Obama empunhou a bandeira largada por Clinton, mas parece não estar sabendo carregá-la. Seu plano é confuso, sua atuação em sua defesa é hesitante - e a feras não largam do seu pé.
Especula-se que os lóbis (grandes seguradoras, indústria farmacêutica, empresas hospitalares e de previdência privada) vencerão de novo, ou que Obama só conseguirá uma reforma aguada.
Os debates públicos sobre a questão têm sido violentos. Lendo e ouvindo o que dizem por lá não se pode deixar de admirar a maneira como interesses particulares conseguem transformar ameaças ao seu poder – no caso americano, o direito elementar de todos à assistência assegurada – em ameaça ideológica e guerra pela alma de uma nação, passando pela demonização de um governo. Um truque que conhecemos bem.
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