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segunda-feira, 31 de agosto de 2009
31 de agosto de 2009
N° 16080 - PAULO SANT’ANA
Fernandão amigo
O melhor negócio que o Internacional fez foi não trazer Fernandão.
Assim, ficando em Goiás, junto da sua fazenda, cuidando de perto seus bois, Fernandão pôde teoricamente dar o título deste Brasileirão para o Internacional ontem no Beira-Rio.
Bastou ser expulso e colaborar com o seu querido Internacional na conquista do Brasileirão, ontem.
E, se alguém duvidar do que estou escrevendo, desafio-o a me responder o seguinte: quando o Goiás jogar contra o Grêmio neste segundo turno, Fernandão será também expulso?
Claro que não será expulso. E mais: deve marcar, segundo deduzo, dois gols contra o Grêmio lá no Serra Dourada.
Assim não dá para torcer no futebol. É desigual.
Mais útil do que foi ao Internacional não poderia ser Fernandão. Nem que viesse de volta para Porto Alegre, em vez de ir para Goiás.
E o cúmulo da ironia é que Fernandão prestou ontem este grande serviço ao Internacional no Beira-Rio, palco onde ele se consagrou, erguendo taças, algumas conquistadas longe daqui.
Ele delicadamente prestou ao clube do seu coração, o Internacional, este gigantesco serviço aqui no Sul. Não foi lá em Goiás, foi aqui.
Lá para Goiás, Fernandão está preparando um requinte para seu amantíssimo coração colorado, conjugado com o ódio que tem do Grêmio: lá em Goiânia, Fernandão marcará dois gols contra o Grêmio.
Só faltará que o terceiro gol do Goiás seja marcado por... Iarlei.
Não adianta quererem justificar a goleada de ontem no Beira-Rio, como o fez a totalidade dos analistas, pelas grande atuações de Marquinhos, de Magrão e Giuliano, estes três gênios, como os chamaram os analistas, só sobressaíram depois da expulsão de Fernandão.
Objetivamente, materialmente, a goleada, não a vitória, que esta até poderia ter vindo, se apoia numa só pilastra dialética: a expulsão de Fernandão.
Aos que não me acreditam, lembro só de um fato indeclinável: com o Goiás tendo 11 homens em campo, o jogo estava só em 1 a 0, ou seja, com possibilidade de endurecer.
O resto é conversinha.
Agora, abordo obrigatoriamente o Grêmio. Até pouco antes de terminar o jogo, o Grêmio figurava no quinto lugar da tabela do Brasileirão.
Mas, infelizmente, um jogo de futebol tem de modo maldito a duração de 90 minutos.
Já lá se vão oito derrotas fora e três empates.
Não se vá atribuir isso ao azar ou a causas misteriosas que importam o enigma de um time que é o melhor do Brasileirão em sua casa e um dos piores fora.
A causa principal é a modéstia do time gremista. Eu não queria escrever a palavra porque ela pode ser dura, implacável, por demais severa, mas é a mediocridade do time gremista que o leva a não ganhar fora. Mediocridade, é bom que se diga, vem de “médio” filologicamente, isto é, na origem da palavra.
O Grêmio é, portanto – está bem, concedo –, um time médio que só sabe ganhar quando é apoiado por sua grande torcida.
Órfão da torcida, nos jogos de fora, o Grêmio expõe aos analistas, que não enxergam porque são cegos, a sua mediocridade.
Lembram-se daquele time gremista treinado por Mano Menezes? Deu-se com ele exatamente o que se dá com o time de Paulo Autuori, não ganhava fora de casa e no Olímpico vencia todos os jogos.
Sabem como é que terminou aquele time do Mano Menezes? Perdendo para o Boca Juniors, no jogo de Buenos Aires e na partida daqui por, 5 a 0. Uma tragédia por mim esperada.
Morreu ontem e será enterrado hoje o Dr. Gildo Russowsky. Seu filho, Ricardo, sabe que ele era meu amigo.
Morreu um médico humanista. Até quase o fim de sua vida, em torno dos 90 anos, atendia pacientes nas vilas populares, com sua maletinha profissional.
Um grande homem.
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