quarta-feira, 12 de agosto de 2009



12 de agosto de 2009
| N° 16060 - PAULO SANT’ANA


Gripe A mata menos?

Com a decisão da juíza federal Simone Fortes, de Santa Maria, ao não aceitar o pedido dos procuradores de afastar a governadora de suas funções, fica claro que a governadora acabará podendo concluir seu mandato.

A possibilidade de impeachment fica remotíssima, sabendo-se que a governadora conta com maioria densa na Assembleia Legislativa.

Isto é bom e ruim para o Rio Grande do Sul. Bom porque a governadora poderá planejar seu governo para os pouco mais de 16 meses que lhe restam de mandato.

Ruim porque as turbulências que emanarão do foro federal de Santa Maria e da CPI na Assembleia vão continuar a indiretamente fazer tremer os alicerces do Piratini.

Afora o aspecto trágico desta epidemia de gripe, há uma confusão entre o público sobre a doença.

Não só entre o público, mas também entre os profissionais da saúde, tanto que esses dias li no interior de um hospital um cartaz surpreendente: “Se você apresentar sintomas de gripe, evite entrar neste hospital”. Fiquei espantado.

Só faltou eu ver naquele hospital um cartaz acessório: “Só entre neste hospital se não estiver gripado”. Ou um outro: “Lugar de doente não é no hospital, se estiver gripado, rua daqui”.

Chegamos ao ponto em que hospitais só aceitam pessoas que estão com sua saúde rigorosamente em dia. Se tiverem qualquer probleminha, que saiam de lá.

Outra coisa, entre tantas que me confundem: a divulgação da estatística de que a gripe comum mata mais que a gripe A.

Como pode? Se a gripe comum é mais perigosa que a gripe suína, por que todos os anos, quando morreram milhões de pessoas com a gripe comum (sazonal), não houve tanta apreensão como a que está havendo agora?

Então nos enganaram e não advertiram para os perigos da gripe comum e só agora vêm nos dizer que ela mata mais que a gripe A, a não ser que a finalidade deste engodo seja diminuir o alarma pânico sobre a gripe A.

Esta história de que a gripe comum mata mais que a gripe A é igual à dos proprietários de pitbulls, que dizem que seus cães são “mansinhos”. Ou seja, a gripe A é tão mais inofensiva que a gripe comum, que não precisa ninguém ter medo dela.

Contem outra na psicanálise para não aterrorizar o público.

Digamos que a gripe comum, como as autoridades propagam, mate mais que a gripe A.

Então, vai chegar ao ponto de que, quando se encontrarem um gripado comum e um gripado A, este último evitará o primeiro, fugindo dele como se estivesse fugindo o diabo da cruz.

E o gripado comum não terá receio nem da companhia, nem do espirro, nem da tosse do gripado A, justamente porque gripe pior que a sua não existe, ele enfrenta com coragem o risco de contágio com todas as demais gripes, até mesmo a malária?

Desculpem, mas o público está muito pouco esclarecido não só a respeito da gripe A como principalmente no que se refere à gripe comum.

E se a falta de esclarecimento se deve à gripe A ser uma novidade, como é então que a gripe comum é tão antiga quanto a Grécia e se vê agora que não ainda não se sabe nada sobre ela?

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