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sexta-feira, 28 de agosto de 2009
ELIANE CANTANHÊDE
Tudo, ou nada, pode acontecer
BARILOCHE - Faz frio em Bariloche, mas a expectativa é de um clima bem quente na reunião dos 12 presidentes da Unasul (União das Nações Sul-Americanas). Sem surpresas, portanto. Tão natural quanto o frio aqui nessa época é esquentar o clima em reunião com Chávez, Morales, Rafael Correa. E, desta vez, misturados com Alvaro Uribe, da Colômbia.
Jobim foi a Quito e a Bogotá e diz que a tensão baixou. Marco Aurélio Garcia, que estava com ele, fala em "distensão". OK, mas falta combinar com os amigos dos russos.
Às vésperas da reunião, Chávez ameaçou seguir o Equador e romper com a Colômbia. O chanceler colombiano deu o troco, dizendo que vai chegar aqui botando a boca no trombone contra o "expansionismo chavista". E os dois embaixadores ecoaram na OEA.
Uribe está na berlinda, por dar liberdade a tropas norte-americanas de usarem (e abusarem?) de bases militares colombianas. Leia-se sul-americanas. Como ele não foi à última reunião, em Quito, houve todo um trabalho para amansar a fera e trazê-la a Bariloche.
O primeiro cuidado foi jogar a reunião para campo neutro. O segundo foi uma agenda que não seja focada só no acordo Colômbia-EUA e possa contemplar as ligações da Venezuela com o Irã, com a Rússia e, dizem as más línguas, com as Farc.
Aí entram em campo Brasil, Argentina e Chile, tentando empurrar o assunto para uma nova reunião, agora do Conselho de Defesa, nas ilhas Galápagos, no Equador.
Seriam então criados mecanismos para catalogar os acordos militares, o armamento e o efetivo de cada país.
Ou seja, parar com o disse-que-disse e botar tudo no papel, para quem quiser, ou precisar, ver.
Chávez vai puxar para um lado, Uribe, para o outro, os dois dando de bandeja para Lula a chance de brilhar pelo equilíbrio, bom senso e negociação. Essas coisas que o presidente sabe muito bem como levar para fora do país. E que tanta falta fazem dentro do próprio Brasil.
elianec@uol.com.br
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