sábado, 22 de agosto de 2009



23 de agosto de 2009
N° 16071 - PAULO SANT’ANA


O álcool espoliativo

Discursava na tribuna, sexta-feira passada, o senador Pedro Simon (PMDB-RS), lembrando que a grande obra de José Sarney como presidente do Senado tinha sido anunciada esses dias: será a reforma material do recinto do plenário, onde se realizam as sessões daquela casa.

E eu concluo agora, por esse fato, que, diante de tanta sujeira em “sua” casa, José Sarney vai trocar o sofá da sala.

No discurso, Pedro Simon também recordou que algum tempo atrás o senador Gérson Camata (PMDB-ES) sugeriu em plenário que fosse acrescentado ao regimento interno do Senado que os senadores poderiam discursar e apartear dispensados do paletó e da gravata.

Simon foi contra.

E teve razão: não podiam ter extinto o uso de gravata e paletó. Se o fizessem, hoje, nos escombros morais que restam no Senado, só sobrariam intactos as gravatas e os paletós.

O Jornal Nacional noticiou esses dias um fato estarrecedor: carros roubados apreendidos no dia ou no dia seguinte, quando em perfeito estado de conservação, eram depenados pelos PMs que deveriam recolher os veículos para as delegacias.

Pegavam os carros nos locais deixados pelos ladrões e furtavam todos os seus acessórios ou suas peças mais valiosas.

Ou seja, as vítimas dos carros roubados escapavam patrimonialmente ilesas dos ladrões, mas eram furtadas pelos policiais militares.

Este acontecimento é sintomático dos dias que correm no Brasil: quem vê os senadores se locupletando sente-se autorizado também a praticar fuzarcas morais.

A companheira Lurdete Ertel, nova editora do Informe Especial, página 3 deste jornal, ofereceu-nos na sexta-feira uma fotografia de um cão que fica o dia inteiro à porta da Câmara de Vereadores de São José do Norte.

Fiquei sabendo que, incrivelmente, aos sábados e domingos, o cãozinho não fica à porta da Câmara, não sei por que instinto ele sabe que a Câmara não funciona.

Mas, de segunda a sexta-feira, o cachorrinho não sai da frente do prédio da Câmara, de dia e de noite, do início ao fim do expediente.

Se fosse no Senado, já teriam arranjado para colocá-lo na folha de pagamento.

E, pelo horário que cumpre, com direito a hora extra.

Fui ver quanto custava um vidrinho de álcool com 50ml: R$ 4,99. O recipiente com sifão para usar em casa, acredito que com 200ml: R$ 14,99.

Ou seja, ficou muito caro prevenir-se contra a gripe A usando álcool para imunizar as mãos.

O sistema capitalista é fogo. Ele se mobiliza rapidamente para combater as crises, mas estão cobrando demais pelo álcool higiênico para as mãos.

Como custa mais caro ficar gripado, comprei. Mas bem que esses industriais oportunistas podiam ter mais compaixão da bolsa do povo.

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