As bombinhas e o bilhão
Na esteira do agronegócio e com métodos de motivação folclóricos (como jogar bombinhas nos funcionários), o empresário Mário Gazin construiu uma rede de varejo bilionária
Fábio Conterno/Agência F5 Gazin:
Lee Iacocca, lendário executivo que comandou a montadora americana Chrysler nos anos 80, costumava dizer que "administração nada mais é do que motivar pessoas". Mário Gazin, fundador do grupo Gazin, 13a maior rede de varejo do país, pouco ouviu falar de Iacocca, mas leva sua máxima ao paroxismo -- e de um jeito bem peculiar. Nas festas de fim de ano, Gazin distribui calcinhas e cuecas a seus aproximadamente 3 400 funcionários.
Em todas as peças, manda bordar as metas da empresa para o ano seguinte. Além de estarem folcloricamente gravados na roupa íntima dos empregados, os objetivos estão fixados em cartazes coloridos espalhados por todos os cantos da sede do grupo Gazin -- o que inclui as portas dos banheiros.
Há anos, durante o período de festas juninas, uma tradição de Douradina, cidade onde a rede paranaense nasceu, Gazin estoura bombinhas para despertar as pessoas durante o expediente.
Os estampidos são acompanhados de gritos: "Vamos mexer o doce, pessoal. Vamos mexer o doce!" Cada cafezinho tomado na empresa é pago -- inclusive os consumidos pelo presidente. "Se não for assim, o pessoal abusa", diz Gazin.
Os 6 500 habitantes de Douradina parecem não se incomodar com seu jeito excêntrico. Gazin é uma espécie de ídolo local, o empresário de origem humilde que construiu um negócio bilionário, um sujeito que ajuda a movimentar a economia local com suas técnicas de motivação.
Em 2008, o grupo Gazin distribuiu aos funcionários que mais se destacaram 12 automóveis Corolla, diversos carros menores, quase 50 motos, viagens e prêmios em dinheiro. "A pressão para atingir as metas só seria ruim se eu não desse nada em troca", afirma Gazin, um paranaense de 59 anos. Em 2008, sua rede cresceu 27%.
Na virada do ano, ele distribui calcinhas e cuecas bordadas com a fórmula 103 = 3% = 16% = 1,7% (ou seja, 103 milhões de reais de vendas ao mês, 3% de aumento do lucro líquido, 16% de retorno do patrimônio e máximo de 1,7% de inadimplência).
Nos seis primeiros meses deste ano, 90% das metas foram batidas. Mas o faturamento cresceu 20% em relação ao mesmo período do ano passado.
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