sexta-feira, 21 de agosto de 2009


Jaime Cimenti

Cartas de Dostoiévski inéditas no Brasil

Pode-se dizer que pouca coisa ficou desconhecida da vida do genial escritor russo Fiódor Mikhaiolovitch Dostoiévski, um dos maiores e mais amados do século XIX. O grande número de ensaios, biografias e análises revelaram praticamente tudo sobre sua personalidade atormentada pelas dívidas, pela doença e pelo ódio a Nicolau I – o mais cruel dos czares russsos.

Dostoiévski – Correspondências – 1838-1880, obra publicada pela primeira vez no Brasil, certamente contribuirá para mostrar aos leitores brasileiros uma faceta que, embora não totalmente desconhecida, testemunha o grau de sua entrega à literatura, talvez a única coisa que ele realmente amou na vida.

No conjunto de cartas que compreende o período relativo a 1838-1880, além dos costumeiros pedidos de dinheiro ao seu pai, podemos perceber a profunda amizade que nutria por seu irmão mais velho, Mikhail, como quem troca impressões sobre escritores, poetas e filósofos.

As missivas revelam um escritor de raros, poucos amigos, com os quais mantinha uma correspondência rica de referências aos problemas de seu tempo. Não se pode afirmar que suas cartas sejam obras-primas da arte literária, como ele mesmo definiu com ironia em resposta a uma polêmica com um crítico sobre Shakespeare, mas não dá para negar que a leitura delas seja significativa para o estudo das obras dos grandes escritores de sua época.

O conteúdo das cartas, além disso, mostra muito sobre a formação do autor e sobre as muitas leituras que fazia. Dostoiévski leu tudo o que importava na época: Balzac, Hoffman, Victor Hugo, Laurence Sterne, Gogol, Corneille, Puchkin, Chateaubriand, Byron, Walter Scott e dezenas de outros autores fundamentais do período.

As cartas mostram sua elevada individualidade, seu enorme talento e como ele se transformou num dos maiores escritores da humanidade.

O escritor ocupava as horas livres lendo, especialmente quanto se tornou alferes do exército russo e as leituras foram fundamentais para sua carreira. “Quanto ao meu futuro, você não precisa ficar preocupado.

Eu vou encontrar uma maneira de me sustentar”, escreveu ao irmão, o autor de Crime e Castigo e Os Irmãos Karamazov e outros clássicos da literatura universal.

O volume, encadernado e com sobrecapa, tem 248 páginas, teve tradução cuidadosa e prefácio do escritor, tradutor e professor Robertson Frizero, apresentação de Milton Walls, edição de Cássio Pantaleoni e marca com brilho a estreia da Editora 8Inverso, com sede em Porto Alegre e e-mail: 8inverso@8inverso.com.br.

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