quinta-feira, 20 de agosto de 2009



20 de agosto de 2009
N° 16068 - PAULO SANT’ANA


O bom marido

O Senado da República viveu ontem o seu dia mais vergonhoso, no ápice da crise que domina aquela casa legislativa.

Votava-se na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar as representações contra os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Arthur Virgílio (PSDB-AM), sendo que os senadores do PT eram o fiel da balança, para o lado que pendessem, esse seria o vencedor.

Incrivelmente, um senador do PT leu em meio ao encaminhamento da votação uma nota oficial em que o partido, na voz de seu presidente, o deputado federal Ricardo Berzoini (não vão acreditar os meus leitores), se manifestou da seguinte maneira-síntese: “A favor da admissibilidade da representação contra Sarney, mas a bancada votava contra”.

Nunca se viu nada igual. Era o achincalhamento do Senado e do PT, este último monitorado pelo Palácio do Planalto, com vistas à sucessão, de mãos dadas com Sarney. E com Collor.

Por outro lado, a oposição viveu o máximo de seu constrangimento: ao mesmo tempo em que pregava a votação contra Sarney, tinha um dos seus maiores líderes, sem dúvida o maior, senador Arthur Virgílio também indiciado por quebra da ética.

Ou seja, como a oposição se sentia com Sarney, seu inimigo, e Virgílio, seu ás, sentados no mesmo banco dos réus, a desmentir a célebre sentença de Shakespeare de que não cabem quatro nádegas no mesmo trono?

O resultado só podia ser o esperado: Sarney e Virgílio foram inocentados de deslizes éticos indesmentíveis, o senador oposicionista acusado inclusive de ter dispensado um funcionário do seu gabinete para morar (estudar) no Exterior, às expensas do erário público.

Para o Partido dos Trabalhadores, foi ontem o pior dia. Além dessa trapalhada ininteligível de dialética hermafrodita na inacreditável nota oficial lida em plenário, anunciou-se a saída do partido da senadora Marina Silva, agora à procura de legenda, depois de 30 anos servindo admiravelmente à agremiação.

Para o Senado, outro pior dia, entre tantos dias piores que vem vivendo sob a execração do povo brasileiro.

O Senado espia envergonhado e amedrontado lá do fundo do poço.

Fui testemunha na madrugada de ontem do desvelo, da dedicação e da competência do Dr. Ivo Nesrala, do Dr. Paulo Prates e do Dr. Salvador nos cuidados e tratamento do paciente do SUS Pedro Paulo Alves no Instituto de Cardiologia.

Apesar desse esforço e do talento dos médicos e dos servidores do hospital, o paciente veio a falecer: leigamente considero o aneurisma da aorta o mais perigoso dos acidentes cardíacos, por sinal o que vitimou nosso saudoso Maurício Sirotsky.

A família de Pedro Paulo Alves, que restou falecido, no entanto agradece comovida, por meu intermédio, o zelo extraordinário que ele recebeu no nosso Instituto de Cardiologia, orgulho nosocomial dos gaúchos.

Está se tornando irritante a série “invicta” do Grêmio nos jogos fora de casa.

É impossível ganhar fora de casa com uma equipe, como tenho asseverado há tempo, medíocre e despretensiosa.

Será que não acode aos dirigentes ideias mais eficazes e audaciosas na qualificação do plantel?

O Grêmio está sendo apelidado de “bom marido”, só funciona em casa.

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