Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
31 de agosto de 2009
N° 16080 - LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL
Dois olhares
Os olhares dos fotógrafos operam de duas formas: iluminando o mundo em que vivemos, e levando-nos a ver de maneira diversa aquilo a que o olhar se acostumara. Duas exposições podem ilustrar a assertiva.
A primeira, por ordem alfabética, é a de Gilberto Perin, no CCCEV, denominada Conexões Infinitas. Seu olhar é refinadíssimo. Trabalhando com os melhores meios digitais contemporâneos, Perin vai-nos mostrando cidades e espaços comuns, até triviais; digamos: na aparência são fotos de um flâneur que visita o Oriente, a Europa, Porto Alegre, Nova York. Mas isto só à primeira vista.
Quando paramos sem pressa frente aos painéis, as fotos vão revelando pormenores, circunstâncias que provocam pequenas epifanias, nas quais está presente um saudável toque de humor e de sabedoria. Há uma foto,
Os Frades, realizada em Roma, que vale por um tratado teológico; três sorridentes e jovens religiosos divertem-se com a câmera na praça de São Pedro, Roma, enquanto repartem um lanche, composto de bolachinhas industrializadas e sucos de supermercado.
Há outra que, pelo insólito, nos conquista: um homem desce por uma rua da Alfama. A verticalidade dos prédios faz um pendant com a figura longilínea do homem. Uma bênção visual.
O outro fotógrafo é Roberto Schmitt-Prym, cuja exposição virtual já é disponível em www.e-design.com.br/fotografia (inaugurará em 2010 a exposição “real” na Aliança Francesa), intitulada Cenários da Memória.
Liga-se ao trabalho de Perin pelo fato gerador das fotos: o tema da visita e do flâneur. Só que, aqui, em Schmitt-Prym acontece, no material primário, uma intervenção profunda, obsessiva. As imagens sobrepõem-se, e são várias, dezenas para cada foto.
A partir daí, há interferência da cor, quase sempre única. O resultado é perturbador: sabemos que o cenário existe, podemos localizá-lo em nossas lembranças, mas já não é o mesmo.
Poder-se-ia destacar, como exemplo, a fachada principal de Notre-Dame de Paris. Multiplicam-se as portas, os santos do pórtico, a dizer que são inúmeros. O mesmo se pode dizer do Castel Sant’Angelo, luzindo ao sol de Roma.
Eis, em resumo, algo do talento do Perin e Schmitt-Prym. Na obra de ambos os fotógrafos instaura-se aquilo que é o propósito da arte: tornar estranho o que é quotidiano. Depois desses olhares, é impossível ver o mundo da mesma forma.
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