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terça-feira, 18 de agosto de 2009
18 de agosto de 2009
N° 16066 - PAULO SANT’ANA
Botão com casa
Fico absurdo a cismar que uma das maiores invenções humanas é o botão com casa.
Já inventaram colchetes, fechos, pregas, laços, encaixes, mas nada supera o botão com casa.
Interessante, por vezes, o botão, como um cavalo indomado, reluta em entrar na casa, esperneia até que enfim se aquieta e fica seguro.
Segurado pela casa.
O botão com casa deve ter sido inventado nos tempos medievais. Ele deveria ser apenas um adereço, um enfeite.
Até que um dia alguém deve ter tido a luminosidade de dar esta esplêndida utilidade ao botão, alojando-o na casa. De lá para cá, as costureiras e os alfaiates em todo o mundo não fazem outros designs que não sejam os botões nas casas.
Há até determinados fabricantes de roupas tão fixados no botão com casa que cometem o erro de colocá-lo nas cuecas, um desastrado desvio da sua eficácia original.
Um mandamento inarredável da indústria de confecções é não colocar botões nas roupas íntimas. Quando se chega à roupa íntima, nenhum obstáculo mais deve sobrar. O botão, assim como é a porta da liberdade, também é a chave que cerra a clausura.
A gente fala com seus botões. A gente pena com seus botões, a gente segreda para seus botões, tudo isso se abotoa na linguagem e na literatura, mas onde o botão se sublima e se alcandora é preso na casa.
Na casa, o botão não responde para a gente, ele fica amarrado e imóvel, indefeso, à espera da tão sonhada liberdade, que só virá no fim do dia, ironicamente quando a gente chega em casa e tira a roupa.
O botão é tão inspirador, que os poetas resolveram criar a bela e intrigante expressão: “Botão de rosa”.
O botão de rosa é a rosa nascitura, a rosa infantil, a rosa-criança.
É a rosa do futuro. Toda rosa um dia foi botão, como todo pão um dia foi grão de trigo.
Tudo isso se transforma, se multifaceta, mas a origem calma, singela, unívoca, transcendental é o botão com casa.
É na casa que se conhece o verdadeiro botão.
O botão é como o bom marido, só se revela quando preso na casa.
Quando a gente desabotoa os botões da blusa de uma mulher bonita, começa a transpor o portal do paraíso.
Olhaí de novo a teoria da segurança quanto aos botões: uma mulher só pode se sentir segura enquanto os botões de sua blusa estiverem amarrados às casas.
Se ousar desabotoar, desanda a ambrosia, nada mais pode ser contido.
Aproveitando que Roberto Carlos está entre nós e realiza hoje mais um show no Gigantinho, é sempre bom lembrar uma letra de sua música que se refere ao botão:
“Os botões da blusa que você usava
E meio confusa desabotoava
Iam pouco a pouco me deixando ver
No meio de tudo
Um pouco de você”
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