quinta-feira, 13 de agosto de 2009



13 de agosto de 2009
N° 16061 - RICARDO SILVESTRIN


Estrelas

Havia dois grupos de teatro. Havia mais, mas esses dois eram as minhas referências. Um era o Vende-se Sonhos. O outro, Estrelas Somos Nós.

O primeiro tinha a gurizada: nomes como Pedro Santos, Xala Fellippi, Angel Palomero, Marco Sorio, Breda, Marta Biavaschi. O segundo era de gente grande: Susana Saldanha, Guto Pereira, Pilly Calvin, Gilberto Perin. School’s Out e Love, Love, Love, as peças.

As duas com nomes tirados de músicas. School’s Out era um rock do Alice Cooper. A história tratava da passagem da adolescência para a vida adulta. Sair do Segundo Grau para o vestibular.

Os caminhos e a falta de caminho da juventude alternativa da virada dos anos 70 para os 80. Love, Love, Love, canção dos Beatles. A peça falava também da busca de si mesmo, do que fazer no mundo, mas da perspectiva de dois casais.

Foram dois sucessos do teatro gaúcho. Não sei se existem esses textos editados. Outro dia, perguntei ao Toninho Neto se ele tinha o roteiro de A Verdadeira História de Édipo Rei, outra ótima peça que foi assistida por muita gente e ficou longo tempo em cartaz por aqui. Toninho disse que possuía o texto, mas estava datilografado. Sim, máquina de escrever, datilografar, aquela coisa do tempo do pterodáctilo.

Quando assisti a essa última, eu já era grande. Tinha uns 25 anos. Mas, quando vi as duas primeiras, não tinha nem 20. Foram marcos para mim. Numa, um espelho da minha turma. Noutra, uma projeção de como poderia ser, mais tarde, a vida das pessoas que acreditavam nas mesmas coisas que eu.

Como se não bastasse, encenadas por gente talentosa da minha cidade. Era possível ser artista e fazer coisa muito boa em Porto Alegre. Nada mais acertado do que o nome Estrelas Somos Nós. Toda essa geração está na base do cinema gaúcho e das produções locais para televisão.

Fui ver a exposição Conexões Infinitas, com fotos do Gilberto Perin, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo.

Ele continua trabalhando em projetos importantes. Diretor de cena, roteirista, além de dirigir, desde 1995, o Núcleo de Especiais da RBS TV. O que expõe são fotos de viagem, mas todas com o olhar de quem sabe ver, mesmo no trivial do dia a dia, uma cena.

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