sexta-feira, 21 de agosto de 2009



21 de agosto de 2009
N° 16069 - PAULO SANT’ANA

Morcegada

Rossano Fachetti me telefona de Farroupilha convidando-me para uma grande passarinhada que se realizará neste domingo.

Os italianos da serra gaúcha costumam matar centenas de passarinhos para preparar uma passarinhada.

Mas eu tenho receio de ir. Na última vez que me convidaram para um risoto de passarinho, tive o desprazer de saber que fui vítima de uma cilada. Meus anfitriões, um dia depois, me telefonaram dando gargalhadas para me contar que não foram passarinhos que comi, mas morcegos.

Mas eu juro que me cobrarei deles. Vou convidá-los para uma peixada e vai ser carne de cobra.

Jaime Schneider me telefona de Estância Velha e me conta como deixou de fumar, depois de mais de 20 anos de vício, quatro maços de cigarros por dia.

Ainda fumante, foi realizar um implante num dente. O dentista recomendou-lhe que não fumasse nos 15 dias antes do implante, com a finalidade de evitar uma rejeição no dente, que seria obrigatoriamente verificada se ele continuasse a ingerir a nicotina e o alcatrão do cigarro.

O leitor seguiu o dentista e se comprometeu a deixar de fumar por uma quinzena.

Acabou vendo realizado o implante do dente e não sentiu nunca mais vontade de fumar.

Acho que vou ter de arranjar, depressa, para parar de fumar meus três maços diários, um implante de dente na minha gengiva.

Finalmente, os pacientes da doença mental chamada de transtorno obsessivo compulsivo (TOC) estão vingados.

Aquela mania de não segurar em maçaneta de porta, de não abrir com a mão nua a torneira da pia, de jamais frequentar banheiro público e em casa ter o cuidado de só sentar em vaso sanitário em que apenas uma outra pessoa senta (e olhe lá), munindo-se, ainda assim, de muitos papéis que cubram o assento e evitem que a pele entre em contato com o plástico, ter a cautela de não apertar mãos, como há mais de 30 anos aconselho nesta coluna, além de evitar ao máximo tocar onde muita gente toca.

Enfim, o que era e é considerado uma doença, o TOC, passou agora por milagre a ser precaução utilíssima para não contrair a gripe A e outras doenças.

Ou seja, o TOC, que era considerado uma doença, passa a ser uma virtude altamente elogiável, que deveria ser exaltada pelo mundo médico e pelas autoridades de alguma forma ligadas à saúde pública.

Viva o TOC, ele é a nossa salvação!

Com esse obsessivo e elogiável cuidado que temos agora com a saúde, vamos terminar todos usando luvas e máscaras. Podem esperar, que isso não vai passar de um ou dois anos.

Por sinal, dentro das salas cirúrgicas, os cirurgiões e seu auxiliares já usam e usaram sempre luvas e máscaras.

Chegou o dia em que na rua, em casa, no trabalho, todos esses ambientes, para evitar infecções e outros tipos de efeitos e contágios, se equiparam às salas cirúrgicas.

Luvas e máscaras em nós todos, essa é a nossa salvação!

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