08
de abril de 2013 | N° 17396
PAULO
SANT’ANA
A UTI da morte
O
Brasil assiste, entre atônito e temeroso, ao desenvolvimento do caso da médica
que mandava matar os pacientes internados na UTI com a finalidade de abrir
vagas para outros pacientes do SUS.
Mas
eu pergunto: ela mandava desligar os aparelhos dos doentes para que abrissem
vagas para outros, no entanto esses outros que ingressavam no lugar dos
assassinados não iriam ser mortos também?
Então
era um carrossel da morte.
A
revista Veja que saiu ontem afirma que a UTI do Hospital Evangélico era uma “máquina
mortífera”.
A
tal chegou a falta de vaga nos hospitais gratuitos.
Chega-se
agora a matar para arranjar vagas. E o assustador é que deve estar acontecendo
o mesmo em outros hospitais brasileiros, outros tantos casos como esse, no
passado, já foram registrados pela imprensa.
O
que espanta é que uma pessoa só fosse encarregada de decidir sobre quem iria
morrer e quem sobreviveria, a tal médica Virgínia Helena de Souza substituía os
poderes divinos.
Não
havia, naquela mortal UTI de Curitiba, uma outra instância para salvar as vítimas
que não fosse a médica assassina.
E eu
fico a cismar sobre a sorte dos parentes dos assassinados. A eles, parecia que
o destino tinha se encarregado de fazer morrer seus parentes. Mas não era o
destino, era uma malsinada médica que escolhia quem ia ser cadáver.
Matam-se,
portanto, no Brasil doentes que poderiam ser salvos para dar vaga aos das filas
das UTIs.
E nós
temos o peito de realizar aqui a Copa da Confederações, a Copa do Mundo e a
Olimpíada, dinheiro público que poderia ser destinado a milhares de UTIs
aparelhadas. Isto é uma insânia.
E é uma
loucura cometida pelos nossos governantes, os que decidem a favor dos
megaeventos superfaturados em desfavor da morte por métodos industriais nos
nossos hospitais ou na beira deles.
Será
que os brasileiros, sabendo disso tudo, estão votando direito? Ou não há em
quem votar e todos são da mesma laia?
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