Não é só por Rolex, PF quer rastrear R$ 17 milhões do Pix
A quebra dos sigilos bancário e fiscal de Jair Bolsonaro e sua mulher, Michelle, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a pedido da Polícia Federal (PF), fechou uma semana dura para o ex-presidente.
Além de verificar se passou pelas contas o dinheiro da venda de joias e relógios no Exterior, a PF vai examinar a soma de R$ 17 milhões que o ex-presidente teria recebido sob a forma de doações por Pix. Chamou atenção a forte reação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ao relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou esse dado.
Nas redes sociais, classificou a exposição dos dados como "assassinato de reputação". Se fosse para o ex-presidente pagar multas processuais - justificativa de Bolsonaro - não haveria motivo para indignação. Michelle teve reação bem diferente: "Estou em paz".
As transferências que somam R$ 17,1 milhões foram feitas entre 1º de janeiro e 4 de julho deste ano, em 769 mil transações. Correspondem a quase todo o valor que circulou nas contas de Bolsonaro no ano passado, de R$ 18,5 milhões. Mesmo depois de avanços e recuos, o advogado de Mauro Cid, Cezar Bitencourt, confirma a disposição de seu cliente de dar detalhes da venda e recompra do Rolex, a mando do ex-presidente. O objetivo é obter atenuantes para reduzir a pena. Para lembrar, Cid movimentou R$ 3,7 milhões entre julho de 2022 e maio deste ano, valor incompatível com sua renda.
A recompra do Rolex feita pelo advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, tem recibo de US$ 49 mil. Seriam necessários 12 Rolex para chegar ao valor movimentado por Cid. A quebra de sigilo vai muito além de Rolex e diamantes. Se quiser reduzir a pena, Cid vai ter de explicar ao menos as movimentações que passaram pelas suas contas.
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