TI reduz em cerca de 42% a criação de vagas no Estado
Setor acostumado com ambiente aquecido passa por ajustes, mas mantém o estoque total de ocupações ainda em alta
Com opções de formação gratuitas oferecidas por universidades e empresas no RS, a busca por profissionais capacitados para preencher milhares de empregos em aberto por falta de qualificação para exercer as funções em tecnologia da informação (TI) continua ativa no Estado e no país. Rendimentos acima da média - em alguns cargos com vencimentos de R$ 15 mil e pagamento em dólar ou euro - são alguns dos atrativos que acostumaram o setor a conviver com um ambiente aquecido em que sobram oportunidades e faltam interessados.
Agora, seja pela dificuldade de recrutar novos talentos ou por aspectos conjunturais, os ventos mudaram e, no ano passado, as contratações reduziram em 41,7% - de 8.936, em 2021, para 5.207, em 2022, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). Os salários também caíram: 2,85% - de R$ 3.088, há três anos, para R$ 3 mil, no passado, mas, no Rio Grande do Sul, continuam com a quarta melhor média do país.
Ritmo
Embora o estoque total de ocupações na área continue em crescimento, o ritmo na passagem entre os anos é bem menor, o que aponta, na avaliação da presidente da entidade, Mariana Rolim, um ajuste devido às atuais circunstâncias econômicas. Ainda assim, as projeções indicam investimentos de R$ 666 bilhões até 2026. No ano passado, a produção foi de R$ 277,7 bilhões, correspondente a 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Por outro lado, o principal desafio estrutural permanece o mesmo: a busca por profissionais capacitados. Nesse aspecto, enquanto o poder público demora em se apropriar da demanda e levar alternativas de profissionalização para o ensino regular, a iniciativa privada tenta resolver uma equação que se torna mais complexa ano após ano. Estima- se que, no Brasil, 53 mil pessoas com perfil tecnológico deixem os programas de formação, enquanto, no mesmo intervalo, são abertas 153 mil vagas no mercado. Na prática, a defasagem é de 100 mil profissionais a cada 12 meses.
Nos primeiros cinco meses deste ano, foram criadas 542 vagas no Estado - média de 108 por mês. No ano passado, chegou a 5.207, ou quase 434 a cada 30 dias. No país, alcançou 4.957 vagas no período de janeiro a maio de 2023, média de 991 por mês. Em todo 2022, foram 72.862, equivalente a 6.072 a cada 30 dias.
Atração
Apesar do momento atual e dos impactos nas organizações ao redor do mundo, o setor de TI ainda se mostra um dos mais atraentes para o desenvolvimento de carreiras, avalia Fábio Miranda, professor e coordenador de Ciências da Computação do Insper. Ele ressalva que, em meio a tamanhas transformações (caso da inteligência artificial, que já substitui a necessidade de programadores em diversas demandas menores do ambiente organizacional), as exigências de qualificações e habilidades aumentam. Em igual escala, investimentos em tecnologia continuam a dar o tom do crescimento, em qualquer que seja a área de atividade de uma empresa. É um caminho sem volta, diz Miranda.
No Instituto Caldeira, formado por mais de 400 empresas na zona norte de Porto Alegre, essa é a lógica. Independentemente do momento de retração, a meta é continuar com as formações, sobretudo, no projeto Nova Geração, que conta com atividades presenciais e a distância, pensadas para jovens egressos da escola pública. Conforme o diretor do Campus Caldeira, Felipe Amaral, a ideia é buscar os alunos certos, instrumentalizá-los com as melhores ferramentas tecnológicas e, é claro, empregá-los.
- Se fizermos esse trabalho muito bem-feito, mesmo em ambientes de retração encontraremos as vagas - resume.
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