sábado, 19 de agosto de 2023


A CASA DE UM IDOSO COM DEMÊNCIA

ADAPTAÇÃO DO AMBIENTE VISA AUMENTAR A MOBILIDADE E A SEGURANÇA

O diagnóstico de um quadro de demência exige que a casa do idoso passe por adaptações. Mais segurança, mobilidade e tranquilidade, reduzindo o risco de acidentes, são os principais objetivos. Diminuir a quantidade de móveis, liberar áreas de circulação e guardar medicamentos e produtos químicos em locais seguros estão entre as iniciativas que devem ser tomadas pelas famílias. Simplificar os ambientes, de modo geral, é o que deve ser mantido em mente.

A demência se caracteriza por alterações que podem comprometer diversos domínios cognitivos. A área afetada com mais frequência é a da memória. Setores como os de linguagem, percepção espacial, domínio social (adequação do comportamento), praxia (capacidade de realizar atividades) e gnosia (reconhecimento por meio dos sentidos) também podem ser atingidos, conforme explica Fernanda Cocolichio, geriatra do Serviço de Medicina Interna do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).

- A demência é um conjunto de alterações cognitivas que podem interferir em qualquer uma dessas capacidades. São acometidos um ou outro desses aspectos, dependendo da demência. Há interferência na funcionalidade do idoso, progressivamente - afirma Fernanda.

"não se deve mudar a casa toda no primeiro sinal"

Cada demência tem suas particularidades e evolui de forma distinta - a doença de Alzheimer responde pela maioria dos casos.

- Existem vários tipos de demência e todos convergem para o mesmo ponto: comprometimento cognitivo e, em estágio mais avançado, motor também. O que difere é o caminho que vão percorrer até chegar lá. Umas são mais rápidas, outras, mais longas - comenta Fernando Freua, neurologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, professor da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Academia Americana de Neurologia.

Freua orienta que, com a assistência do médico, a família promova as mudanças nos cômodos de forma gradual, conforme o estágio em que o paciente se encontra e as necessidades que forem se apresentando.

- Não se deve mudar a casa toda no primeiro sinal - alerta Freua.

Conviver com um indivíduo demenciado é uma tarefa desgastante e triste. Em meio a tantos pontos negativos, Fernanda procura sempre destacar a importância de quem toma conta desses pacientes.

- O cuidador acaba sendo o grande responsável por manter a dignidade dessa pessoa adoecida, até o final. Mesmo quando ela não se reconhece mais como pessoa. O cuidador relembra a esse paciente a pessoa que ele foi, a sua história. Isso faz parte do cuidado - observa a geriatra do HCPA.

60Mais é uma série de reportagens voltadas especialmente ao público que tem mais de seis décadas de vida ou quer se preparar para chegar com qualidade a esta fase. 

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