segunda-feira, 28 de agosto de 2023



 28 DE AGOSTO DE 2023
OPINIÃO DA RBS

REVOGUEM ESSE ABSURDO, VEREADORES!

A Câmara de Vereadores de Porto Alegre e, por extensão, a Capital gaúcha e seus habitantes, representados pelo parlamento municipal, estão sendo ridicularizados em todo o país pela absurda aprovação do projeto do ex-vereador Alexandre Bobadra (PL) que institui como Dia Municipal do Patriota a data de 8 de janeiro. 

Nesse dia, como é de conhecimento geral, uma multidão de vândalos invadiu e depredou as sedes dos três poderes da República em Brasília, num ato antidemocrático e golpista que está sendo devidamente investigado e punido pelo Supremo Tribunal Federal. Pois a infeliz iniciativa também pode acabar na Suprema Corte em decorrência de ação de inconstitucionalidade protocolada pela Procuradoria-Geral da República, na última sexta-feira.

Merece uma análise mais detalhada a conjugação de despautérios que impõe esse constrangimento nacional aos porto-alegrenses. O primeiro aspecto da cadeia de aberrações foi a motivação do parlamentar proponente, que mais tarde seria cassado por abuso do poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação. É evidente que ele queria provocar os críticos da invasão dos três poderes e prestigiar os invasores, que até então se autodenominavam patriotas. 

A quem mais interessaria incluir no Calendário de Datas Comemorativas e de Conscientização do Município de Porto Alegre um Dia do Patriota? E, mesmo que isso tivesse alguma importância, por que escolher a data de um ato político criminoso?

Segundo ponto que requer reflexão: as razões pelas quais os demais vereadores e o prefeito chancelaram a promulgação do absurdo. Ainda que a matéria não tenha sido submetida ao plenário da Câmara, a verdade é que ela passou por três comissões antes de seguir para a sanção do Executivo. Nessas comissões havia parlamentares de partidos comprometidos com a democracia, que se omitiram por negligência ou até votaram contra, mas sem denunciar o desatino com a devida veemência. 

Por fim, para não se indispor com eleitores mais conservadores, o prefeito Sebastião Melo deixou passar a oportunidade de vetar uma lei escancaradamente inútil, antidemocrática e provocativa. Promulgada a sandice, resta esperar agora que o parlamento da Capital tenha sensatez e agilidade suficientes para revogar a aberração, até como forma de pedir desculpas à população pela trapalhada coletiva.

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