sábado, 19 de agosto de 2023


19 DE AGOSTO DE 2023
FLÁVIO TAVARES

ATÉ QUANDO?

O aumento de preço da gasolina e do óleo diesel me leva a recordar a campanha "o petróleo é nosso", dos anos 1950, que levou à prisão milhares de pessoas, Brasil afora, sob a alegação de que se tratava de "coisa de comunista". Por fim, no governo de Getúlio Vargas, criou-se a Petrobras em 1953, quando o petróleo aparecia como símbolo de prosperidade.

Será o aumento de preço a negação do que se pensava anos atrás?

No entanto, petróleo (ou a gasolina, seu principal derivado) é hoje o segundo produto mais exportado pelo Brasil, ficando apenas abaixo da soja. As vendas de petróleo ao Exterior totalizaram US$ 42,5 bilhões em 2022, enquanto as de soja alcançaram US$ 46,5 bilhões.

Atualmente, o Brasil é o nono país produtor de petróleo no mundo, abaixo apenas dos "campeões" árabes e da Venezuela.

Enquanto isso, festeja-se atualmente a rebaixa do preço dos automóveis e o governo federal a apresenta como "um trunfo". Nada se programa para a fabricação de carros elétricos, ainda caríssimos e com dificuldades de abastecimento.

Esquecemos que os veículos movidos a derivados de petróleo são uma das principais causas do efeito estufa e, assim, do aquecimento do planeta, que leva à degradação da vida em si. O petróleo deverá desaparecer como fonte de energia nas próximas décadas.

Enquanto isso, a Petrobras aponta como grande feito que, de 2002 a 2022, a produção petrolífera cresceu, passando de quase 1,5 milhão de barris diários a 3,1 milhões. A Petrobras prevê chegar a 3,9 milhões de barris até 2027.

A principal fonte de produção é o pré-sal, que - no entanto - deve esgotar suas reservas em pouco tempo, talvez antes de 10 anos. Isto explica o empenho da Petrobras e do ministro das Minas e Energia em explorar a foz do Rio Amazonas e adjacências. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, discorda da decisão, advertindo sobre os perigosos efeitos da exploração petrolífera na região.

O presidente Lula da Silva demonstra apoiar a exploração e só não tornou pública sua decisão devido, talvez, à opinião generalizada no mundo inteiro pela preservação da Amazônia.

Até quando seguiremos ignorando o que é mais importante - preservar a natureza (e o planeta) ou explorar petróleo, combustível fóssil destinado a não mais ser utilizado?

Jornalista e escritor - FLÁVIO TAVARES

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