sexta-feira, 11 de agosto de 2023


11 DE AGOSTO DE 2023
DANIEL SCOLA

A importância do pai

Um dia antes do nascimento da minha primeira filha, Joana, em novembro de 2017, ouvi do meu vizinho que o curso de preparação de pais de um determinado hospital de Porto Alegre, para onde estava marcado o parto, era imperdível. Entrei em pânico, pois não fizera o tal curso e já não havia mais tempo para fazê-lo de última hora. Logo imaginei que minha estreia como pai seria desastrosa. Fiquei me culpando pelo esquecimento. Tentei me consolar com desculpas: não tive tempo, estava muito preocupado com a mãe e o parto, inúmeras atividades de preparação para chegada da menina e outras coisas.

Meu teste como pai começou ainda na maternidade, quando balancei minha filha no colo e aprendi errando. Depois disso, aprendi tudo assim: a dar banho, testar o bico, fazer dormir, trocar fralda, fazer a mamadeira. O recado foi claro. Não tem ensinamento para ser pai. Exercer essa função é aprender no dia a dia, mesmo que se erre na primeira. Passar por todo esse processo é um aprendizado e um gesto de amor na relação pai e filha(o). Nada é mais importante para a criança do que ter uma pessoa com afeto por perto, uma demonstração de amor do pai. Ele também não pode se despreocupar com a mãe, que, afinal, sofreu as dores que nós nunca sentiremos, tenha ela passado por uma cirurgia ou não.

O tempo passou e aquelas marcas nunca sairão da minha memória de pai. Dois anos depois, nasceu a segunda e eu já sabia inclusive trocar fraldas no escuro. A Tereza, minha segunda filha, nunca chupou bico, diferentemente da irmã. Também compreendi que uma criança pode ser totalmente diferente da outra nos seus hábitos. O mais importante é a presença do pai. Uma das minhas filhas me ensinou agora que o tomate é uma fruta. A outra filha me ensina o nome das bonecas dela. E as duas batem bola comigo e aprenderam a vibrar e se frustrar. Ou seja, elas continuam me ensinando e vão me ensinar a vida toda.

Certo dia no caminho da escola, ouvíamos notícias no rádio do carro. A Joana me perguntou se ela poderia trabalhar na Rádio Gaúcha. Eu respondi que poderia trabalhar onde quisesse desde que ela fosse feliz. Estou longe de ser um pai perfeito, aliás duvido que exista, mas estou transmitindo valores que espero que elas acolham para a vida, como eu aprendi com o meu pai.

DANIEL SCOLA

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