DANIELLE
BRANT
DE SÃO
PAULO
Bancos não devem fazer 'guerra' por
novo cliente
Esforço
será para reter tomador do crédito imobiliário, dizem consultores
Deve
buscar mais a migração quem fez financiamento há pelo menos 5 anos, com taxa de
juro maior que atual
Pelo
menos no primeiro momento após a regulamentação da portabilidade do
financiamento imobiliário, que permite a troca do empréstimo de uma instituição
para outra que ofereça condições mais vantajosas, os bancos não devem abrir uma
"guerra de taxas" em busca de novos clientes, afirmam consultores
ouvidos pela Folha.
Procurados,
quatro dos cinco maiores bancos do país --Bradesco, Banco do Brasil, Santander
e Caixa Econômica Federal-- dizem estar prontos para adotar as normas da resolução
do Banco Central, que entram em vigor hoje, mas foram evasivos quanto às estratégias
de mercado. O Itaú não quis comentar o tema.
O
Santander foi o único a detalhar um pouco seus planos. Afirmou que acompanhará de
perto o comportamento do mercado de crédito imobiliário e, sempre que possível,
oferecerá condições especiais para que o cliente vá para o banco e nele permaneça.
DISPUTA
A
disputa por esse novo cliente, porém, não deve ser tão acirrada inicialmente,
na análise de Miguel Ribeiro, diretor da Anefac (Associação Nacional dos
Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
"Os
bancos consideram que, se forem muito afoitos para roubar' clientes da concorrência,
vão sofrer a mesma investida. O que vejo é um movimento das instituições para
segurar seus melhores clientes", afirma.
FIDELIZAÇÃO
"O
financiamento imobiliário é um dos mais baratos do mercado, mas de longo prazo.
A grande vantagem para o banco nesse segmento é a fidelização do cliente, que
poderá, ao longo do tempo, adquirir mais produtos, como previdência e outros
investimentos", acrescenta.
Claudia
Martinez, diretora do Banco Máxima, também não vê uma "guerra de taxas"
no momento.
"Há
uma pequena margem para redução das taxas do crédito imobiliário. Para que a
portabilidade tivesse um impacto relevante, a diferença entre as taxas cobradas
pelos bancos teria que ser maior." Hoje, os juros variam de 8% ao ano a 12%
ao ano, aproximadamente.
CRÉDITO
ANTIGO
Para
Pedro Seixas Corrêa, professor de economia da FGV (Fundação Getulio Vargas), a
procura maior pela portabilidade do financiamento deve ser dos consumidores que
tomaram crédito há pelo menos cinco anos, quando os juros eram mais altos que
os de hoje.
A
partir de meados de 2011, o juro básico (a taxa Selic) caiu até chegar ao menor
patamar da história, de 7,25% ao ano, em que permaneceu entre outubro de 2012 e
abril de 2013.
"Para
o consumidor que tomou crédito nesse período de baixa de juros, vai ser mais
difícil encontrar novas propostas que compensem a migração do crédito",
diz Corrêa.
Ione
Amorim, economista do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor),
acredita que a portabilidade vá ter mais utilidade no futuro, quando as taxas
de juros voltarem a cair.
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